Eu Cinéfilo #13: Crítica: Frozen, uma poesia quentinha
Você, que ama uma história bem contada e, portanto, não perde um filme da Disney nos cinemas, decide assistir a “Frozen” sem sequer ler a sinopse. Sabe que por trás de uma das mais importantes marcas do mundo está um time de profissionais tão competente que dificilmente o fará questionar o preço do ingresso ao final da sessão – fato cada vez mais comum em cinemas tipo-shoppings. Pois bem, você providencia a pipoca, senta, as luzes se apagam, sobe a música, começam a aparecer as primeiras cenas e logo você percebe que se trata de mais uma história de reis, rainhas, princesas e seus castelos. Tudo bem, tudo dentro do contexto. O que você não esperava era que a Disney fosse, a partir daquele momento, presentear você com uma linda história sobre… irmãs!
Como a Disney não tinha pensado nisso antes?, você se questiona empolgada. Claro, há muitos personagens de irmãos nos filmes da Disney, mas não me lembro de, em nenhum deles, essa relação ser a trama principal… O resultado é certeiro. A história toca forte, profundamente, nas meninas, moças e mães da plateia. Da minha parte, que tenho a sorte de ter três manas, posso dizer que não me emocionava tanto com um filme de animação desde “Toy Story 3”. E antes de “Toy Story 3”, tinha sido só com “O Rei Leão”. Sim, a coisa foi nesse nível.
Duas irmãzinhas vivem em um castelo suas criancices até que percebemos que uma delas tem um dom um tanto quanto problemático: transforma tudo o que toca em gelo. O virtuosismo vai sendo visto como um triste feitiço quando ela põe a caçula em perigo. A partir daí, para garantir a segurança da irmã mais nova, a mais velha se isola. As duas crescem tristonhas, separadas por uma porta que nunca se abre e canções de gelar o coração. Esse mote principal irá ser resolvido com uma inspiradora lição de moral, como já esperamos e desejamos de um filme Disney. Com direito a algumas belas e moderninhas surpresas de roteiro no meio do caminho.
Trilha sonora primorosa, dessas que você sai cantando o refrão quando as luzes se acendem, figurinos e ambientes lindos, criativos, iluminados, vivos. Não faça como eu e pense que o filme trará uma ambientação do tipo “A Era do Gelo”. Tsc, tsc, tsc. Há mais beleza e poesia na nevasca da Disney do que você poderia imaginar. Um cenário que dá vontade de comer.
Mas se é me emocionei tantas vezes, gargalhei à beça. E o motivo, neste caso, credito boa parte ao brasileiro Fábio Porchart. A sua dublagem para o boneco de neve fez o personagem responsável pelo alívio cômico ganhar ainda mais força do que de costume. Andei espiando na internet outras versões em línguas diferentes, e nenhuma me pareceu tão cativante. O moço é realmente um grande nome da sua geração.
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Este texto foi escrito por nossa parceira e colunista, Elen Campos!
Belo-horizontina em terras paulistanas, é formada em jornalismo e pós-graduada em cinema, com especialização em roteiro. Já escreveu de tudo um pouco: para jornais, publicidade e construção de marcas. De longe, o que mais faz os seus olhos brilharem são as histórias. Ler as dos outros e escrever as próprias.