Crítica: Círculo de Fogo
Era como se estivesse assistindo a um anime. A chuva caía constante em um guarda-chuva preto. Ao mesmo tempo em que gira, ele se volta para trás, revelando o rosto de uma jovem. Os cabelos curtos e negros que caem sobre um rosto de pele clara se tornam azuis nas pontas.
Não acompanhei tantos animes, mas os cabelos, a expressão facial e o guarda-chuva são signos recorrentes da animação japonesa. E esta é apenas uma das referências que Guillermo del Toro faz a produções nipônicas. O próprio tema do filme “Círculo de Fogo” é uma ode às produções japonesas com robôs gigantes lutando contra monstros, ou a criatura mais famosa do mundo a destruir cidades: Godzilla.

Acima de tudo, Guillermo del Toro mostra que sabe o que faz. Não inventa a roda, mas a faz girar como ninguém. As batalhas do filme são críveis, os robôs são realistas, as piadas são feitas sem exagero, e as tomadas de câmera ousam nos momentos certos: destaque para a cena em que uma menina japonesa se vê sozinha em uma cidade recém dizimada.
Os personagens são, em geral, muito bem estruturados. Del Toro sabe que um filme só tem efeito quando o público se conecta realmente com os papéis dos atores, e aproveita-se do fato de que os humanos são conectados neurologicamente para comandarem os robôs. Isso significa que as pessoas que dividem um Jaeger passam a compartilhar de todas as suas memórias e sentimentos. O espectador consegue entender o que sente Raleigh a respeito de seu irmão, assim como compreende aos poucos a relação entre Mako e Pentecost (Idris Elba).

Aliado um 3D bem realizado, mesmo que convertido, “Círculo de Fogo” é uma ótima homenagem aos clássicos da TV japonesa, remonta um tema que encanta os mais saudosos e se mostra um filme de ação com todos os elementos necessários sem se render aos clichês do gênero.
E ainda tem Ron Perlman… impagável.
Nota: 04 Claquetes

