Crítica: O Voo
Assisti recentemente ao filme “O Voo” (Flight), que colocou Denzel Washington na briga pelo oscar de Melhor Ator. O filme é dirigido pelo excelente diretor Robert Zemeckis, conhecido por obras como Gigantes de Aço, Marte Precisa de Mães, Os Fantasmas de Scrooge e A Lenda de Beowulf. Além do diretor que já deixa o filme com uma ótima perspectiva, temos no roteiro John Gatins, que também escreveu Gigantes de Aço e que esta trabalhando no filme Need for Speed (adaptação dos games para o cinema que deverá ser lançado em 2014). Com uma ficha técnica tão promissora, o filme “O Voo” tem tudo para encantar a audiência, mesmo que não leve nenhuma estatueta.
No drama, Whip (Denzel Washington) é um piloto de avião, com sérios problemas de alcoolismo e drogas. Ele imergiu neste mundo desde que está separado de sua esposa e filho, com quem tem pouquíssimo contato. Certo dia, após passar uma noite romântica com uma das aeromoças da tripulação, ele é escalado para fazer um voo dentro do país, porém, graças a uma falha mecânica o avião é sériamente avariado e acaba caindo. Mesmo alcoolisado e drogado, Whip consegue fazer uma manogra impressionante que salva a vida de praticamente todas as pessoas do avião com exceção de 6 pessoas que acabam falecendo. Mesmo com o ato heróico, Whip passa a ser investigado por um órgão que quer descobrir o que aconteceu no avião e causou a morte das 6 pessoas. Agora, o experiênte piloto terá que fugir do alcoolismo para provar sua inocência e não ir parar na cadeia por ter pilotado um avião em um estado tão alterado.
“O Voo” é um filme muito bem escrito, o que já era de se imaginar olhando para quem esta atrás das cameras. É um filme sóbrio (com o perdão da palavra), que tem uma história bastante crítica e direta. O filme não é só sobre um acidente de avião, na verdade este assunto é apenas um gatilho para um problema muito maior, o alcoolismo que vem crescendo como uma doença viral no mundo! Para se ter uma ideia, no Brasil, os estudos indicam que a média nacional está em torno de 3 a 6% da população que é diagnosticada como alcoólatra, destes cerca de 5 vezes mais comum em homens. Nos Estados Unidos, o problema é maior! Além de ter uma média maior de alcoólatras, um estudo de 2002, mostrou que 17,7% das pessoas que tinham sido diagnosticadas como dependentes do álcool a mais de um ano (anteriormente à pesquisa) retornaram ao consumo de baixo risco de álcool, ou seja, é um problema que vem crescendo e ficando mais comum na vida das pessoas.
Este é o tema do filme, um tema muito sério que é tratado com uma dúvida, ou seja, se de um lado, temos um piloto de avião muito talentoso, que esta entregue as drogas, também podemos ver que ele possui um talento no trabalho, que é capaz de realizar uma manobra única, que salvou praticamente todas as pessoas do avião! E é isso que o filme questiona, o piloto deve ser condenado por trabalhar drogrado ou absolvido por ter salvo tantas pessoas mesmo estando sob o efeito de entorpecentes?
“O Voo” mergulha nesta questão e nos leva a entender o que se passa na cabeça de Whip. Todo o seu preconceito em admitir o alcoolismo. A sua auto-confiança em achar que o problema é simples e que pode sair dele quando bem entender, e assim por diante. Robert Zemeckis (diretor do filme) é muito bom em nos fazer conectar com o personagem principal, e em “O Voo” não é diferente. Denzel Washington continua sendo um ator de primeira, e certamente tem uma atuação muito preciosa no filme, mas não acredito que ela o levará ao Oscar, mesmo com uma atuação tão boa, já vimos em papéis mais fortes, e até melhores, como em Dia de Treinamento.
“O Voo” é um filme muito bom! Mas não tão bom quanto outros que já saíram, e por isso é compreensível sua não indicação a Melhor Filme nem no Oscar nem no Globo de Ouro. É um filme que foca muito no ator, e por isso Denzel tem todos os holofotes e foi indicado a ambos os prêmios, porém, como dito anteriormente, dificilmente leverá.
Se você tem um parente, vizinho, amigo, que sofre com problemas de alcoolismo, “O Voo” é um ótimo filme para mostrar de forma bem singela e até direta, como o problema pode ser resolvido, e como a solução parte de dentro da pessoa que esta imersa naquilo. Sem dúvida nenhuma, o apoio de pessoas próximas, as informações, são muito importantes para a resolução do problema, porém, é preciso uma dose de sobriedade para que o indivíduo tenha a coragem de mudar seu destino.
Confira o Trailer:
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