Crítica: As Aventuras de Pi



Mas a trama do filme é mais que isso. Fundamentalmente, trata-se da vida de um homem e sua busca por um verdadeiro sentido na vida, assim como sua maturidade emocional, e os obstáculos para o amadurecimento serão gigantescos – não por enfrentar o oceano pacífico em um bote, mas por perder a família inteira e enfrentar a solidão. Desde sua infância, Piscine Patel, o Pi, busca o verdadeiro sentido da vida em diversas religiões: hinduísmo, catolicismo e islamismo. Ele conta sua história a um escritor, e um dos objetivos é fazer com que o escritor comece a acreditar em Deus. Neste quesito, o longa é interessantíssimo.
Portanto, podemos separar “As Aventuras de Pi” em três segmentos: a técnica, a narrativa e a discussão filosófica.

Quanto à narrativa, não há grandes questões a serem tratadas. Infelizmente, o final do filme traz muita explicação para algo que poderia ser mais sutil e menos jogado para o espectador. O roteirista poderia ter sido mais seguro de si e economizado na narração em off de Pi, mas caiu na armadilha em que muitos roteiristas caem quando adaptam livros para o cinema: render-se às muitas explicações pertinentes na literatura.

O eclético diretor Ang Lee mostra que sabe fazer filmes completamente diferentes. Entre uma ou outra produção medíocre como “Hulk” e “Aconteceu em Woodstock”, Ang Lee faz coisas boas como “As Aventuras de Pi”, que supera os medíocres, embora não alcance a excelência de “O Segredo de Brokeback Mountain” e “O Tigre e o Dragão”.
Nota: 04 Claquetes
