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A arte de não ser autoral: o que Gore Verbinski e Andrucha Waddington tem em comum

Os críticos de cinema, de uma maneira geral, tendem a admirar mais os diretores autorais. São aqueles diretores que seguem uma mesma temática ou um mesmo estilo e o carregam para todas as suas produções, com sutis mudanças ao longo da vida. É o caso de Clint Eastwood, Woody Allen, Fernando Meirelles e Walter Salles, para citar poucos exemplos.

Andrucha Waddington (acima) e Gore Verbinski (abaixo)

Mas poucos dão destaque a bons diretores ecléticos, que fazem diferentes filmes e não possuem uma marca em específico.

Um exemplo de diretor assim é Gore Verbinski. O diretor americano tem em seu currículo filmes tão diferentes quanto água e café. Após lançar a comédia dramática “A Mexicana” em 2001, com Brad Pitt e Julia Roberts, Verbinski lançou o terror “O Chamado”, remake de um filme japonês, que abriu um novo tipo de filme de susto para o mercado de Hollywood. Ele também dirigiu a eficiente comédia dramática “O Sol de cada manhã”, em meio à primeira trilogia “Piratas do Caribe”, cujos filmes foram todos seus. Após “roubar” Johnny Depp de Tim Burton, Gore fez a excelente animação “Rango” e se prepara para lançar “O Cavaleiro Solitário”, ambos com Depp protagonizando.

No Brasil, o diretor mais eclético é talvez Andrucha Waddington. Casado com Fernanda Torres, o carioca já dirigiu comédias, dramas e documentários bem diferentes entre si. “Gêmeas”, de 1999, é um drama cheio de tensão, enquanto que “Eu Tu Eles” é uma comédia dramática com a cara do sertão brasileiro. Após fazer alguns documentários cujo tema é a música – sobre festas juninas, Maria Betânia, Gilberto Gil e Os Paralamas do Sucesso, respectivamente –, entrecortados pelo drama árido “Casa de Areia”, no qual ele comandou a esposa e a sogra em belas atuações, Andrucha dirigiu a superprodução “Lope” na Espanha e se prepara para lançar “Os Penetras”, comédia despretensiosa com os dois principais comediantes do momento. Para o futuro, Andrucha tem planos interessantes: vai dirigir uma adaptação do livro “Nação Crioula”, que conta uma história poucos anos antes do abolicionismo, e um filme de terror ainda pouco definido, mas cujos rumores indicam Keira Knightley como protagonista.

E quem disse que diretor precisa ser autoral? Diretores ecléticos precisam ser mais valorizados pela crítica e pelos organizadores de prêmios e festivais.

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