Crítica: Nove Rainhas
Em ‘Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão’ a gente já ouviu falar. Mas, se o caso é entre dois golpistas, a história pode até ser diferente.
‘Nove Rainhas’ é uma perfeita jogatina armada entre as possibilidades de confiança no universo da desonestidade. Um curioso ponto de vista explorado por Fabiãn Bielinsky, diretor e roteirista de “Nueve Reinas” (titulo do país de origem) estreante em direção com o mesmo.
Um dos sucessos argentinos do ano de 2000, conta com ótima atuação de Ricardo Darín, Gastón Pauls e Leticia Brédice. O filme foi sucesso de público dentro e fora do país e não só foi indicado a 28 prêmios, como conquistou 21.
O universo do filme rodeia uma valiosa oportunidade, e porque não dizer a maior de uma vida. Tudo começa quando dois homens com um objetivo em comum, Marcos (Darin) e Juan (Pauls) se encontram ‘sem querer’ após um pequeno golpe em uma loja de conveniência. Juan tenta aplicar o mesmo truque duas vezes e quase é driblado pelo azar. Se não fosse a ajuda do novo “parceiro” Marcos, já experiente há anos no ofício, que o tira do sufoco e o propõe uma sociedade.
Juntos, resolvem dar tudo de si numa negociação milionária: vender uma série de selos falsificados conhecidos como “Nove Rainhas”. Porém o negócio precisa ser feito imediatamente. Um interessado e importante milionário espanhol será a vítima da vez. Aos poucos, vão montando um esquema que facilite a venda dos selos sem deixar vestígios. E a situação não poderia ser melhor: o comprador está prestes a deixar a cidade, sem tempo para atestar a fundo a veracidade das relíquias colecionáveis, favorecendo o grande golpe.
Pouco a pouco, Marcos vai ensinando a Juan alguns segredos do seu ‘sucesso’ no negócio. Mas ambos percebem que para essa conquista, a experiência estará fora de jogo. Juan, dócil e capcioso, vai se mostrando mais esperto do que parece, e Marcos começa a perceber que precisará dele até o fim. Ou até algum certo momento, antes do trâmite final.
A cada passo que dão, vão se deparando com pessoas tão ardilosas quanto eles, de múltiplas personalidades e interesses distintos. A trama explora as questões de envolvimento interpessoal de ambos com suas famílias. A relação de Marcos com a irmã e o interesse de Juan em zelar a imagem de seu próprio pai em suas lembranças. A malícia ardilosa, a sutileza do golpe bem planejado e a linha tênue entre a mentira e o engano são as principais ideias abordadas no filme.
Com um desfecho surpreendente, o longa mantém o espectador curioso para distinguir qual dos dois golpistas é mais suspeito. Ou menos desonesto, que seja.
http://www.youtube.com/watch?v=Awu9WonTVB0
Nota: 04 Claquetes