O Espetacular Homem-Aranha - Crítica - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
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O Espetacular Homem-Aranha – Crítica

Em 2002 o mundo conheceu através do cinema o universo do Homem-Aranha. Acompanhamos  o desenrolar do relacionamento com sua paixão do colégio Mary Jane, sua amizade com Harry Osborne, a forma como ganhou os poderes aracnídeos, até culminar na trágica morte de seu tio Ben e Peter aprender que com grandes poderes vem grandes responsabilidades. Tornando-se assim o Homem-Aranha. E é este filme, que é o grande vilão de O Espetacular Homem-Aranha. Explico. O novo filme tem uma roupagem diferente do mesmo modelo, por mais diferente que seja a temática do filme, tem certas coisas que não mudam. Todos sabemos que Peter será picado, que ganhará poderes, irá criar uma fantasia, que o tio Ben irá morrer de uma forma que Peter poderia ter evitado, que Flash Tompson irá atormentá-lo. Sam Raimi por mais erros que possa ter cometido, conseguiu empregar quase  80% da história “oficial” do Aranha (Peter Parker e não Anderson Silva). Em todos os 3 filmes, os fatos eram praticamente de acordo com os quadrinhos e desenhos mais clássicos. A origem do Homem-Aranha, a morte do tio Ben, o momento em que Peter decide deixar de ser o Aranha, seu relacionamento com MJ, o trabalho no Clarim Diário, J. Jonah Jameson e seu ódio contra vigilantes mascarados, a cena da ponte (mesmo que a namorada seja diferente e não morra), a morte do Duende Verde pelo próprio planador,  a origem do simbionte até culminar na memorável cena da torre onde o Aranha retira o simbionte o qual cai diretamente em seu rival Eddie Brock tornando-se o Venon. Ou seja, Sam Raimi já apresentou tudo isso ao público, todo mundo já viu e aprendeu com o que ele mostrou. Então um novo filme do Homem-Aranha tinha que ser diferente. Tinha que ser espetacular…

O ESPETACULAR HOMEM-ARANHA

Marc Webb ficou famoso quando dirigiu “(500) Dias com Ela”, onde mostrou que manda muito bem em fazer diálogos engraçados e fofos e fazer o público sentir a química entre os personagens e torcer por eles. E esse é um dos grandes pontos fortes deste novo Homem-Aranha: seus personagens. Como a história trata-se de uma reinvenção onde, como dito acima, o público já está bem familiarizado com o enredo, é necessário ter personagens fortes e cativantes para segurar a atenção.

O Peter Parker de Andrew Garfield (A Rede Social) é um cara que todo mundo ia querer ter como amigo, uma pessoa boa, que passou por uma situação muito difícil (e isso podemos sentir), sempre mais isolado, com uns trejeitos muito esquisitos (e que podem incomodar um pouco), completamente sem jeito para lidar com garotas, mas um gênio. Assim como Tony Stark é um expert ímpar em engenharia, Peter é um gênio em química, já que ele mesmo cria seus lançadores de teia, rivalizando com sua genial colega de classe Gwen Stacy.

Gwen, interpretada pela linda Emma Stone (muito mais carismática do que a fútil Mary Jane de Kirsten Dunst), atriz que vem tendo destaque cada vez mais, é uma garota adorável, nerd, chefe da turma de pesquisas Júnior da OSCORP e filha do Capitão de Polícia de Nova York, mas mesmo assim não a vemos com nenhuma amiga: uma solitária até fazer amizade com o outro under dog da escola Peter Parker.

Peter e Gwen são interpretados por atores bem jovens que sinceramente podem ser nossos colegas de classe da escola ou faculdade, e assim como o casal principal, também temos um novo casal jovem em espírito e que ama a família acima de tudo e sabe ensinar valores de bondade e responsabilidade – claro que trata-se dos tios de Peter, Ben e May Parker. Dessa vez eles são interpretados por Martin Sheen e Sally Field.  O novo tio Ben, Martin Sheen, pai do ator Charlie Sheen, é daqueles tios que todo mundo gosta de ter por perto, é aquela pessoa que como um pai ensina tanto ofícios, como arrumar um encanamento, como lições para a vida toda, e também sabe ser duro, mas podemos ver em seu olhar que dar uma bronca é algo que dói mais nele do que no Peter (e ele realmente merece algumas boas duras no decorrer do filme). Sally Field é uma atriz em que “interpretar mães” está em seu currículo, seja na mãe recém divorciada de Uma Babá Quase Perfeita, a mãe que ensina perseverança para o filho deficiente em Forrest Gump ou a mãe que tenta manter a familia unida mesmo com todas as dificuldades da vida na série Brothers&Sisters. Tia May é uma personagem que acompanha Peter em toda a sua vida, e ela e tio Ben são a fonte do maior poder do Aranha, seu coração.

Quando começou a divulgação do filme foi dito ao público que esta seria a história não contada do Homem-Aranha, contando o que realmente aconteceu aos pais de Peter Parker, porém essa promessa não é nem de perto cumprida, sendo esta uma das grandes falhas do filme. Porém acredito que a ideia dessa nova trilogia é que teremos uma história principal com começo, meio e fim divididos em três filmes, onde a OSCORP terá importância fundamental. Lá é feita apenas menções a Norman Osborn, cientista que um dia se tornará o Duende Verde, e a trama gira em torno de um totalmente descaracterizado Dr. Curtis Connors. Aliás a única coisa igual ao dr. Connors é a falta de um braço, pois todo o resto está muito diferente do personagem principal. O ator Rhys Ifans nos apresenta um dr. Connors mais como um cientista louco do que realmente uma pessoa que quer fazer o bem livrando o mundo de doenças e deformidades, e isso é uma das grandes falhas do filme. Também soa meio forçado o fato do pai de Peter também trabalhar com Connors antes de seu desaparecimento, mas para entendermos tudo, pelo jeito, precisaremos de mais dois filmes.

Mas uma das coisas mais espetaculares do filme é ver finalmente o Homem-Aranha no cinema, um cara que tira sarro dos bandidos, os irrita, se diverte no dever e isso era uma das coisas mais legais dos quadrinhos e desenhos e que vemos tão bem empregadas neste novo filme. E as cenas de ação ou do Aranha se balançando de prédio em prédio são sensacionais, algumas literalmente de tirar o fôlego.

Algo comum no cinema e que também nos remete as grandes sagas que temos em histórias em quadrinhos. Encarando o filme como uma realidade alternativa à trilogia de Sam Raimi, como o Universo Ultimate nos quadrinhos, podemos ir com a cabeça livre ao cinema para conhecermos esse espetacular mundo novo.

P.S. Há uma cena adicional no decorrer dos créditos do filme. Infelizmente não é o Nick Fury.

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