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Cinema Mundial

Janela de lançamento

*publicado também no portal Itunotícias

Logo que o sistema de Home Video se popularizou por meio das fitas de VHS, as produtoras de cinema começaram a lançar os filmes em fita após o lançamento nas salas de exibição cinematográfica. Na época, o espectador esperava até 1 ano para ver em casa um filme que perdeu nos cinemas. Hoje, o VHS não existe mais: deu lugar ao DVD, que também vem aos poucos perdendo espaço para o Blu-Ray. O tempo de espera também é mais curto: menos de 6 meses.

Vejamos alguns exemplos. Na semana de 18 a 24 de Junho, chegou às lojas o Blu-Ray do filme “W.E. – O Romance do Século”, que estreou nos cinemas brasileiros dia 9 de Março: menos de 4 meses de janela entre os lançamentos. Na semana anterior, chegou às lojas o Blu-Ray e DVD do filme “As Aventuras de Tintim”, animação que estreou dia 20 de Janeiro, ou seja, 4 meses antes.

Em 2004, o intervalo de lançamento de um filme entre cinema e home vídeo era de 5 meses e 21 dias. Em 2010, este tempo foi reduzido para 4 meses e 17 dias. Já deve estar menor. A pirataria e os downloads na internet são os principais fatores, mas também é importante considerar que atualmente a produção de filmes é muito maior, e a cultura “internética” de hoje exige que tudo seja rápido, quase instantâneo.

As distribuidoras fazem isso para aproveitar todo o dinheiro investido na divulgação do filme, já que ele ainda está “fresco” na cabeça das pessoas, além de evitar a disseminação de cópias piratas ou downloads. Em entrevista ao portal Uai, o diretor Mauro Lima (Reis e Ratos) admitiu que acha a prática boa porque “É a segunda chamada para quem prometeu ir ao cinema e não foi.”

Embora pareça uma boa prática a princípio, o curto espaço de tempo pode ser prejudicial ao cinema em longo prazo. Conforme podemos inferir na frase do diretor Mauro Lima, as pessoas passarão a “prometer” mais que vão ao cinema, mas acabarão indo ainda menos. Afinal, o filme vai sair em DVD antes de sentirem falta.

É fato que o consumo de filmes por meio da internet, TV a cabo e DVD/Blu-Ray tende a crescer cada vez mais. No entanto, a banalização da exibição de um filme no cinema só tende a enfraquecer as salas exibidoras. Para que as salas de cinema sejam mais valorizadas pelo público, é preciso que também sejam valorizadas pelas distribuidoras, como algo especial e superior a qualquer outra maneira de assistir a um filme. Para isso, é necessário que o público se sinta impelido a ir ao cinema.

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