Crítica: Xingu

“Xingu” mostra três irmãos aventureiros que se embrenham na mata como voluntários para descobrir novas terras, enfrentar índios e demarcar novos territórios na década de 1940, realizando a Marcha para o Oeste criada por Getúlio Vargas. Leonardo, Cláudio e Orlando Villas-Bôas descobrem terras, e ao mesmo tempo aprendem a (con)viver com os indígenas, tornando-se protetores de suas terras e intermediando negociações. O filme conta como foi criado o Parque Nacional do Xingu, a primeira e maior reserva indígena do mundo.
Com uma narrativa em tom épico, graças à presença do narrador, o filme de Cao Hamburger conta o percurso dos três irmãos com sutilezas. A proximidade da câmera nos personagens principais, desde o início, mostra proximidade com os protagonistas.

Em determinado momento da projeção, quando se encontram perdidos na mata após a queda do avião, Leonardo e Orlando começam um embate. Cláudio é mostrado como o centralizador quando a cena mostra os outros dois se encarando enquanto ele está no centro da tela. Logo em seguida, quando Leonardo e Orlando trocam socos, Cláudio é visto de baixo, como superior aos dois e, portanto, o grande centro do filme. Ao longo da projeção, vemos que é Orlando o cabeça da equipe: escreve, mapeia, organiza, e assim permite que o sonhos dos três irmãos seja realizado.
Mas “Xingu” não é apenas um
Ao mesmo tempo em que Hamburger é sábio ao utilizar uma narração econômica, na qual poucas palavras são necessárias, ele usa-se de um estilo pouco orgânico à trama (e clichê) para contar a história: títulos de jornais circulando na tela. Certamente haveria outra maneira de contar os fatos históricos importantes sem a colagem de frases, e talvez tais informações pudessem ser ditas pelo próprio narrador.
Com cenários belíssimos, o filme mostra que filmar no local onde ocorreu a história real é a melhor opção para transmitir tanto a veracidade quanto a grandiosidade do lugar – e a cena vista “do avião”, mostrando a imensidão do verde e as diversas aldeias, é importante para causar impacto ao espectador. Também merecem destaque as cenas noturnas na mata, cuja fotografia remete às cores do reflexo de uma lua cheia, de maneira a dar carga dramática, mesmo que tenham sido cenas provavelmente gravadas de dia.

Apesar de tudo, “Xingu” é um filme sensível que enriquece o espectador e traz à baila questões importantes a respeito da cultura indígena e do progresso pelo progresso, além de servir como uma grande homenagem aos índios e às importantes figuras da história do nosso país.
Cao Hamburger e sua equipe realizaram um filme não somente lindo, mas importante para o Brasil. Nosso país precisa de mais “xingus”.
Nota: 4 estrelas
