Crítica: Amor

“Amor” mostra um casal de idosos que divide um apartamento e se encontra em uma difícil situação: Georges se vê obrigado a cuidar de sua esposa após o surgimento de uma doença degenerativa. Desde os primeiros minutos do filme, o espectador já conhece qual será o desfecho, o que faz com que a atenção do espectador possa ser maior no desenrolar dos acontecimentos e nos detalhes.

Embora os primeiros minutos (quiçá segundos) mostrem um ambiente fora do apartamento, ele não deixa de ser um lugar fechado. Ambientar todo o filme sem imagens externas é uma forma de enclausurar o espectador na vida fechada do casal. A única breve imagem de uma cidade aberta se dá através de cortinas que impedem uma visão clara, ao mesmo tempo em que Eva (Isabelle Huppert), a egoísta filha do casal, chora olhando para fora, como se na tentativa de dar as costas para a situação que tanto machuca e impele lágrimas. Vale destacar, também, o excelente trabalho de fotografia e direção de arte, competente ao mostrar pequenos detalhes de lençóis largados para dar nuances do descuido de Georges com tais amenidades, a forte presença de livros que demonstram uma vida regada a boa arte, e ao mesmo tempo um ambiente triste… e para perceber isso, repare como a cena em que Eva visita a casa dos pais, ao final da projeção, parece acontecer em um local diferente daquele que nos acostumamos ver nas duas horas anteriores.

“Amor” é um filme triste e brutal porque mostra a todos nós o fim que nos aguarda quando estivermos com os corpos frágeis, a pele enrugada e os movimentos comprometidos. E mesmo sabendo que nossas vidas não passam incólumes a todo esse sofrimento, nós insistimos em querer chegar até esta fase porque, junto com ela, teremos dentro de nós algo muito mais forte que qualquer tipo de dor: o sentimento que intitula este filme.
Nota: 5 Claquetes
