Crítica: Django Livre
O diretor, roteirista e até ator, Quentin Tarantino, chegou aos cinemas brasileiros com o polêmico Django Livre. Filme de faroeste, que Tarantino chama carinhosamente de um filme de “southern” (em brincadeira aos filmes de bangue-bangue clássicos americanos chamados de “western”) já que Django Livre se passa no sul.
Django Livre chegou muito bem credenciado aos cinemas já que foi indicado a 5 Oscars em 2013, como Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante (Christoph Waltz), Melhor Roteiro Original, Melhor Fotografia e Melhor Edição de Som. Além desta expectativa dada pela maior premiação do cinema mundial, o filme também ganhou notoriedade pelo seu diretor, que vem de produções excelentes como Bastardos Inglórios e Kill Bill.
Tarantino, que hoje em dia é um dos roteiristas mais originais, reuniu em seu elenco Jamie Foxx, Christoph Waltz, Leonardo DiCaprio, Kerry Washington e Samuel L. Jackson, além de pedir uma participação especial do comediante Jonah Hill que nos proporciona uma das cenas mais engraçadas do longa.
Django Livre conta a história do escravo Django (Jamie Foxx), que ao conhecer o caçador de recompensas alemão Dr. King Schultz (Christoph Waltz), vê uma oportunidade de mudar completamente sua vida. O alemão está em busca de 3 procurados que apenas Django poderá reconhecer, por isso, Dr. Schultz resolve fazer uma parceria com o escravo para que juntos possam eliminar os fugitivos e ganhar um dinheiro. Com um pensamento moderno em um dos períodos mais obscuros da história humana (época de escravidão), Dr. Schultz se comove com a história de vida de Django e resolve ser um tutor para que o escravo possa ir arás de sua mulher que foi comprada por Calvin Candie (Leonardo DiCaprio), o dono de “Candyland”, homem famoso por treinar e promover lutas entre escravos.
O filme é muito bem escrito por Tarantino, e tem uma dose de humor que vemos pouco nas outras obras do autor. Além disso, temos os toques clássicos, como os exageros e as referências claras que o diretor utiliza para construir as narrativas. Com uma fotografia linda, Tarantino faz um claro resgate dos clássicos, o que é uma agradável atmosfera para um filme de “bangue-bangue”.
Porém o filme não tem uma estrutura tão direcionada como Bastardos Inglórios, mas é um filme muito mais ousado. Nele, vemos uma construção autoral de uma período duro da história humana. O diretor utilizou de elementos reais e marcantes para trazer um ambiente muito hostil. Temos aí uma característica muito marcante do filme, esse tempero tenso, onde muitas vezes o próprio silêncio nos dá a dimensão do problema em cena, assim como as tiradas sarcásticas e muito bem-humoradas que os personagens nos fornecem com diálogos muito bem construídos.
Dois pontos que me chamaram a atenção, foram a Trilha Sonora, muito moderna para um filme “clássico”, que varia de hip-hop a country music. Há cenas em que Django aparece caminhando em meio a fumaças, que a chamada “black-music” bomba na tela. Aliás, bom frisar que é muito interessante ver a construção do personagem, pois, de um escravo chicoteado e maltratado, Django ganha estilo e personalidade únicos!
Outro ponto que me chamou a atenção foi a cena que mencionei anteriormente com Jonah Hill, o ator aparece pouco tempo e nem é protagonista do momento retratado, porém ele representa toda a trapalhada de fazendeiros que estão prestes a ter uma atitude de represalha contra Django e Dr. Schultz. Uma discussão simples e muito bem humorada.
Enfim, Django é mais um filme que entra para a lista de Tarantino como mais uma ótima produção, além de ser mais um filme de sucesso para seu “portfólio”. Se você é fã de Quentin Tarantino, vale a pena ver, se ainda não é, esta aí uma ótima oportunidade de conhece-lo.
[youtube http://www.youtube.com/watch?v=ztD3mRMdqSw]