Os Beatles apresentam: O Senhor dos Anéis (só que não)
A Trilogia O Senhor dos Anéis, ganhou seu lugar de destaque no mundo através dos filmes dirgidos por Peter Jackson, mas décadas antes a saga de Frodo e Aragorn já era conhecida por milhares de pessoas que tinham acesso aos livros que já haviam sido traduzido em dezenas de línguas. Porém não foi através de Peter Jackson a primeira vez que a trilogia foi levada ao cinema. Na realidade houve uma primeira tentativa, e quem estava atrás dela? Nada menos que os garotos de Liverpool – Os Beatles! Em 1968 os Beatles, já tendo lançado o filme Magical Mystery Tour e que futuramente rendeu o livro Magical Mystery Tour – Minha Vida com os Beatles (Tony Banwell), decidiram que a obra de Tolkien seria o seu próximo projeto cinematográfico.
O primeiro diretor sondado foi Stanley Kubrick, então envolvido com o lançamento de 2001, uma Odisséia no Espaço. Kubrick não se interessou, e a seguir foi contactado Michelangelo Antonioni, que tinha causado grande impacto em Londres pouco antes, com Blow Up. Quando os representantes dos Beatles entraram em contato com o agente literário de Tolkien, descobriram que os direitos de adaptação para o cinema já haviam sido negociados. Fica para os cinéfilos e os beatlemaníacos apenas os sonhos psicodélicos de como resultariam essas combinações entre os quatro músicos-atores, um clássico da literatura de fantasia, e cineastas no auge de sua criatividade. É revelador, porém, saber os papéis que os Beatles tinham escolhido para si próprios:
- Paul MacCartney decidiu ser Frodo, o portador do Anel e protagonista da história, interpretado hoje por Elijah Wood. Uma escolha óbvia para quem, com o sucesso de Sergeant Pepper´s e a morte de Brian Epstein, tinha virtualmente se tornado o líder da banda.
- Ringo Starr seria Sam Gamgee, o amigo de Frodo, símbolo da lealdade (no filme de Peter Jackson, interpretado por Sean Astin), e para quem já assistiu a algum filme dos Beatles pode ver que Ringo é sempre o mais bem humorado e levanta o astral do grupo.
- George Harrison, em plena descoberta do misticismo oriental, não poderia ter feito uma escolha mais adequada do que o mago Gandalf (agora a cargo de Ian MacKellen).
- A escolha mais curiosa é a de John Lennon, que começava a emergir da longa viagem de LSD em que esteve mergulhado a partir de 1966 e ao longo de 1967. Em Revolution in the Head, Ian MacDonald o descreve em 68 como “um destroço mental, lutando para colar de volta os próprios cacos”. Lennon escolheu o papel de Gollum, o ser que durante séculos usou o Anel do Poder até que este lhe exauriu as forças e o transformou numa espécie de parasita monstruoso (no filme atual, Gollum foi criado através de computação gráfica, com os movimentos do ator Andy Serks).
Lennon sempre viu a si próprio como um desajustado, o que lhe dava uma auto-imagem monstruosa “I am the walrus” e uma constante sensação de vazio “I´m a Loser”, “Nowhere Man”. Gollum é talvez o mais patético exemplo do Viciado na literatura contemporânea, a criatura capaz de gritar repetidamente, como Lennon:“I want yooou, I want you so baaad!… It´s driving me mad, it´s driving me mad!…” ou na versão da obra de Tolkien “My precious…”
Na época, Tokien ainda estava vivo e detinha todos os direitos da obra, porém jamais aprovou uma adaptação para o cinema. Os estúdios Disney também tentou fazer uma versão animada em 1956, mas Tolkien detestava a versão americana e também não gostou da versão dos Beatles.
(As imagens que compõe esse post são todas montagens de fãs, você pode encontrar muitas outras em sites de buscas).