Crítica: Wicked: Parte 2
Wicked: Parte 2 (Wicked: For Good)
Direção: John M. Chu.
Roteiro: Winnie Holzman, Dana Fox.
Nacionalidade e Lançamento: Estados Unidos, 2025.
Elenco: Ariana Grande, Cynthia Erivo, Jonathan Bailey, Michelle Yeoh, Jeff Goldblum, Ethan Slater, Marissa Bode, Bowen Yang, Colman Domingo, Bronwyn James.
Sinopse: Perseguida e demonizada como a Bruxa Má do Oeste, Elphaba vive no exílio e enfrentando seus perseguidores, enquanto Glinda reside na Cidade Esmeralda tendo que lidar com a situação de sua melhor amiga.
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Ao sair a sessão de Wicked: Parte 2 (Wicked: For Good) minha sensação era de uma indiferença simpática ao filme. Tinha achado ele “ok”, cheio de defeitos, mas agradável de ser visto. Porém com o tempo as qualidades dele foram me parecendo mais indiferentes, pequenas diante dos defeitos do filme que foram me soando muito maiores e tornando que a minha impressão final até o momento do filme seja evidentemente de algo bastante fraco.
Existem melhoras em relação ao primeiro, mas elas são muito básicas: a correção de cor que claramente ocorreu após o filme ser filmado respondendo críticas ao primeiro filme (imagino eu) faz com que o fator colorido converse muito mais com a extravagância fofa espetaculosa do filme, ao mesmo tempo que eu gosto muito de como uma parte grande do filme se centra na perseguição de Elphaba num filme de fuga.
Porém, ao mesmo que ele é mais acertado visualmente que o primeiro filme, conseguindo dar uma cor visível para esse colorido fofo e lúdico, ele continua quadrado e desajeitado em tudo envolvendo a direção do longa-metragem, não conseguindo ainda criar com isso e agora ainda está sem os brilhos do primeiro filme. As músicas são muito menos épicas, o desenvolvimento emocional das personagens e as dinâmicas entre as atrizes, que era o que tornava o primeiro mais suportável, são esquecidos em prol de uma narrativa auto-importante muito apressada, estranhamente sem respiros – mas enrolada em momentos banais dos personagens – e falsa, que apresenta revelações, viradas na trama e ações dos personagens de um modo muito súbito e sem desenvolvimento o que acaba deixando o drama e os fechamentos – prolongados pelo filme – sem peso.
Ariana Grande segue excelente agora com mais material dramático e consegue ainda apresentar oferecer para os maneirismos cômicos da sua personagem o máximo de leveza, o que o próprio filme faz de modo truncado, enquanto Cynthia Erivo mesmo sendo excelente atriz vive o piloto automático da primeira parte, assim como todos os outros. Mesmo Ariana, que é a melhor, não tem o material de peso que tinha no primeiro filme. Não vi a peça original e me parece que é quase um consenso que o segundo ato dela é pior com uma decadência gritante no roteiro, o que se transfere pro filme, mas isso não é de forma nenhuma uma justificativa para os erros desse filme de 2025. John M. Chu não é obrigado a seguir os mesmos defeitos da peça original e poderia facilmente melhorar eles ou os amenizar, já que estamos falando de uma adaptação e o que mais temos são adaptações que melhoram coisas do material original ou até elevam ele, o que ele não faz aqui.

Chu confunde fidelidade com submissão. Para um filme que quer misturar um aspecto fofo, meio escrachado e muito auto-importante do seu épico, Chu se mostra novamente um cineasta que não tem a menor de ideia de como filmar isso. Seu trabalho é frio e aleatório privando as cenas mais épicas de profundidade de campo, os personagens são enquadrados distantes dos planos gerais das canções, closes e a câmera fechada nas suas atrizes o tempo inteiro matando qualquer particularidade dramática de quando isso poderia ser usado com mais propriedade, a câmera ronda aquele mundo sem objetivo claro e a partir do momento que Dorothy é colocada na trama a montagem do filme acaba sendo organizada de maneira enlouquecida no pior do sentido com planos truncados, seguidos por cortes e novos planos que não se conversam e vão se engolindo em diversas cenas deixando os acontecimentos apenas confusos como a prisão de Flyero (Jonathan Bailey, sub utilizado pelo filme) ou o destino de Nessa (Marissa Bode). O resultado é só ver as coisas acontecendo vergonhosamente até o filme se fechar de um modo que é tão esquemático quanto é corrido.
Nota: 2 /5