Documentário sobre a carreira de Fausto Fawcett estreia este ano no Festival do Rio
O cantor e compositor Fausto Fawcett, responsável por sucessos como Katia Flávia, Rio 40 Graus e vários outros hits nacionais, vai ganhar um documentário sobre sua trajetória musical. Com previsão de lançamento para o final do ano no Festival do Rio, “Fausto Fawcett na Cabeça” contará com depoimentos de personalidades da música que colaboraram com ele ao longo de sua carreira desde os anos oitenta, quando a banda ainda se chamava “Fausto Fawcett e os Robôs Efêmeros”.
Nomes como: Fernanda Abreu, Dado Villa-lobos, Dé Palmeira (Barão Vermelho), João Barone (Paralamas do Sucesso), Paula Toller (Kid Abelha) e várias outras figuras conhecidas estarão no documentário relembrando histórias e contando suas experiências trabalhando com Fawcett. As ex-bailarinas do show Básico Instinto: Regininha Poltergeist, Marinara Costa, Katia B, Gisele Rosa e Lu Brites, que se tornaram as musas do artista já gravaram os depoimentos. Além disso, mais novidades vem por aí, o hit Katia Flávia vai transcender do áudio para as telonas, um filme sobre a personagem está em fase de produção:
“O filme está meio congelado por causa da pandemia e isso atrapalhou as produções, e o documentário está sendo produzido e é uma geral nas várias pistas artísticas por onde eu andei e ando e com aqueles que estiveram comigo como: Fernanda Abreu, Laufer, as meninas (bailarinas)… enfim aqueles que ajudaram a compor o universo dos espetáculos”, declara Fawcett.
O multitalentoso artista tem história para contar, se nos anos oitenta o êxito foi Katia Flávia, na década seguinte ele uniu a música com as performances no palco, em espetáculos como Santa Clara Poltergeist e Básico Instinto, que contou com coreografias de Deborah Colker: “O sucesso das bailarinas passa por ela completamente, essa foi uma parceria muito rica de entendimento, e perfeito entre as minhas ideias e o que ela executou” elogia Fawcett.
Com Básico Instinto criado em 1992, ele comenta sobre a banda composta por músicos conhecidos de outros grupos e a participação de uma cantora famosa nos shows:
“O espetáculo fez sucesso e teve a participação da Paula Toller também, fomos para Curitiba com ela e em 1993 realmente engatou de vez. A intenção do espetáculo era ser uma espécie de teatro de revista… samba, funk, com uma banda sensacional, Dado Villa-Lobos, Billy Brandão na guitarra, teve João Barone na bateria, Charles Gavan na bateria, Dé no baixo do Barão Vermelho, o Laufer obviamente, o Paulo Futura pela primeira vez um DJ no palco, enfim, era uma super banda”, relembra ele.
Katia Flávia – A Godiva do Irajá: O hit memorável dos anos oitenta
Lembrado até hoje pelo sucesso Kátia Flávia, Fawcett comenta sobre como surgiu a inspiração para a canção, cujo videoclipe mostrava a personagem entre cenários underground de uma caótica Copacabana noturna:
“Eu tirei a inspiração de uma reportagem, uma notícia publicada no jornal O Dia na década de oitenta, ele tinha uma ênfase policialesca, sensacionalista e eu adorei o nome Katia Flávia e era uma garota que arrumava confusões numa boate ali na Avenida Brasil na altura de Irajá (subúrbio do Rio). Não me lembro o que aconteceu depois que ela fez a confusão, se tinha sido presa, fugido, agora isso me escapa a memória, mas eu adorei o nome obviamente, e o fato deles enfatizarem o tipo físico dela, uma louraça exuberante e causando como se diz hoje em dia”, conta Fawcett.
Na versão original, a música tinha quase doze minutos, mas após assinarem contrato com a gravadora, foi necessário retirar um trecho para que não ficasse extensa demais, e ao contrário de algumas informações que circulam na internet, Katia Flávia não tem relação com o país num período pós-censura quando temas como sexo se tornavam mais comuns:
“Eu peguei esse personagem, ampliei e criei toda uma série de circunstâncias, uma história que liga a ela a um figurão contravenção como diz a letra, mas ela, na verdade, tinha uma história grande de um conto. Depois com o Laufer que é o autor da música, eu sou o autor da letra, nós fizemos uma espécie opereta rap que era apresentada em certos lugares da noite da Zona Sul do Rio de Janeiro, e depois quando fomos contratados pela gravadora, essa história que era longa, um trecho dela foi retirado pra que virasse uma música de 3 ou 4 minutos. Então ela não tem a ver com a circunstância política, a Katia Flávia realmente existiu, não foi por causa… vamos dizer liberação em relação a algo erótico não, pelo contrário, uma crônica sobre uma garota realmente poderosa no subúrbio e Copacabana no Rio de Janeiro essa ligação Copacabana – Zona Norte” explica Fawcett.
Questionado se a Anitta seria a Katia Flávia hoje, como referência de uma mulher com personalidade forte e empoderada, o cantor/compositor concorda que a cantora combina com a personagem.
“Realmente se pensarmos no espírito Kátia Flávia, ou seja, uma mulher com muita personalidade, muita força, e capacidade de se meter por várias camadas sociais e exercer a sua influência, o seu poder, a sua capacidade de sedução e uma grande dose de erotismo na sua existência, e na sua contundência artística, a Anitta realmente encarna boa parte da personalidade da Kátia Flávia”, elogia.
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Texto escrito por: André Aram ([email protected])