Um Dia de Chuva em Nova York: Woody Allen, polêmicas e crítica
Após muitas polêmicas e brigas judiciais chegou aos cinemas em novembro Um dia de Chuva em Nova York, novo longa-metragem de Woody Allen. O diretor mais nova-iorquino de todos, conseguiu um acordo com Amazon para poder exibir o seu filme nos cinemas do mundo, menos nos Estados Unidos, onde provalvemente não vai estreiar. Vale lembrar que Allen e a Amazon tinha um acordo para lançar quatro filmes do diretor. Esta é a primeira vez desde 1981 que Woody Allen não lança um filme por ano.
O longa estrelado por Timothée Chalamet, Elle Fanning e Selena Gomez marca o retorno do diretor as telas dos cinemas. O projeto que foi concluído em meados de junho de 2018 foi engavetado pela distribuidora Amazon após as acusações de abuso sexual contra Allen voltarem a tona. As denúncias alegam que o diretor abusou sexualmente de sua filha em 1992, quando ela tinha sete anos. Porém, Allen sempre negou as acusações e nunca foi condenado pelo crime.
Na época em que as acusações ressurgiram o ator Timothée Chamalet chegou a doar o salário ganho durante as gravações do filme para instituições de caridade, entre elas a Time’s Up. Questinada sobre o assunto a atriz Selena Gomez não soube comentar o caso.
Apesar da briga judicial e toda a repercussão negativa nos Estados Unidos devido ao #MeToo, o longa foi bem recebido na Europa e na Ásia, sendo lançado na Polônia, Itália, França e tendo o lançamento confirmando em mais de 20 países.
Mas e o filme? Diversas brigas e processos judiciais para Woody Allen conseguir lançar sua nova obra, será que vale a pena assistir? Em partes.
O longa conta a história de Ashleigh (Elle Fanning), uma jovem estudante de jornalismo do interior dos EUA, que recebe um convite para entrevistar um famoso diretor de cinema em Nova York. Já Gatsby (Timothée Chalamet) seu namorado, um jovem sonhador e apaixonado, aproveita a oportunidade para fazer uma viagem romântica em sua cidade natal. Porém os planos vão por água abaixo. Enquanto Ashleigh descobre os bastidores do cinema, Gatsby encontra a irmã (Selena Gomez) de uma antiga namorada e os dois vão tomando rumos distintos.
Um dia de Chuva em Nova York é um tanto saudosista. Woody Allen consegue transmitir o seu amor pela cidade nova-iorquina, e cria no espectador um sentimento de afeto e carinho por lugar, mesmo que quem assista não tenha tido a oportunidade de conhecer a cidade.
Seu principal acerto está no elenco, principalmente no prodígio Timothée Chalamet. Mais uma vez ele mostra-se um pequeno camaleão, capaz de se adequar muito bem aos papéis propostos a ele. Chalamet vem deixando de ser uma promessa e consolida-se cada vez mais como um dos grandes atores de sua geração.
Porém, é no restante dos personagens que está o problema. A personagem de Ashleigh é caricata e sem personalidade, enquanto os personagens secundários são jogados na trama sem qualquer desenvolvimento, entrando e saindo da história.
O romance que aos poucos vai ganhando e envolvendo o espectador com o desenrolar da história, se encerra repentinamente. Um dia de Chuva em Nova York parece estar incompleto, com a sensação de que poderia ser melhor e mais aprofundado, que aproveitasse o pontencial dos atores, principalmente de Selena Gomez – completamente subaproveitada na trama.
O roteiro de Allen é preguiçoso, com resoluções fáceis e simplistas, como um mero filme de sessão da tarde ( com todo respeito aos filmes). Talvez a pressa e ânsia de fazer filmes todos os anos torne seus roteiros fracos e previsiveis. Dessa vez, a curiosidade e o esforço para ver a obra de Woody Allen não valeu a pena, quem sabe na próxima (se tiver).