LIVE, WORK……POSE!
“In the great tradition of Paris Is Burning.”, POSE e a cultura LGBT .
Basicamente se existe um movimento LGBTQIA hoje, devemos isso à revolta de StoneWall, de 1969, quando homossexuais e transexuais resistiram à polícia. Existem alguns documentários que falam desta data, 28 de junho, e eu também já expliquei a relação dela com Marsha P. Johnson.
Mas como isso chega na Nova Iorque dos anos 80/90, nos balls e em POSE?
Assim como entender quem foram Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera, entender o que era a cena de ballroom e as pessoas que ali frequentavam, formando suas famílias, é tarefa de casa para entender sobre história LGBT.
Nova York foi o epicentro da história LGBT, tanto Stonewall quando toda a cultura Drag e de Ballroom surgiram na cidade. Stonewall, cultura Drag e basicamente toda a cultura LGBTQIA começou assim: com negres e transexuais na cidade de Nova York. E é isso que POSE explora MUITO BEM!
A série se passa bem no final da década de 1980 e no momento do grande boom da AIDS entre a comunidade LGBTQIA, mostrando a realidade das travestis e mulheres trans da época, mas também como os anos 80 foram marcados pela ascensão da cultura de luxo entre a comunidade.
Os balls eram sobre pertencimento, não só de uma comunidade, mas de si mesmos. A cultura, os temas, as luzes, as músicas, tudo era sobre ser no ball aquilo que não se tinha espaço para se ser na rua.
Além disso, POSE mostra como e porquê eram formadas as famílias na cena Ball dos Estados Unidos, as famosas HOUSES, ou HAUS, conceito extremamente demonstrado tanto em Paris Is Burning quanto no programa RuPaul’s Drag Race
Pose não traz só o mundo LGBTQ+ para a tela, como faz disso também sua produção, trazendo o maior elenco de atrizes trans na história da televisão, e sim, isso deve ser comemorado e muito!
Acho que merece até escrever de novo: POSE traz o maior elenco fixo formado por atrizes trans da HISTÓRIA DO AUDIO VISUAL.
Principalmente quando colocamos em contrapartida com outras produções que colocam homens e mulheres cisgênero para interpretar pessoas transexuais. Não sei qual a desculpa dessas produções, mas olhando como MJ Rodriguez, Indya Moore, Dominique Jackson (dona da melhor voz de toda série!), Hailie Sahar e Angelica Ross dão um show na série, com certeza não é por falta de atrizes transexuais (IJS).
Voltando à série, a trama é sobre a cultura de balls de NY durante a década de 80, isso já deu para entender, mas traz também de forma aberta a epidemia de HIV que se espalhou entre a comunidade de forma sensata e sem explorar a dor disso ou o sensacionalismo disso é um verdadeiro TENS ACROSS THE BOARD para Ryan Murphy, produtor da série.
Mais motivos para assistir POSE?
Além da representatividade e diversidade, Pose traz um milhão de referências culturais, looks luxuosos, uma das melhores trilhas sonoras dos anos 80, personagens fortes e bem construídas, a celebração da vida, a crítica internacional a favor e Billy Porter!
PARENTESES: Se não quer ver a série, assista a entrada do Billy Porter no MET Gala e mude de ideia:
POSE já teve a primeira temporada exibida pela FOX Premium e já tem data de estreia da segunda, obviamente no mês do orgulho LGBT, Pose volta dia 11 de junho!
Tá esperando o que ainda para ir assistir?