“Brexit” – (2019)
Tudo começa com a humanidade de todos nós devidamente instaurada. É legítimo o fato de estarmos num momento delicado, socialmente dizendo. Não sabemos mais em que terreno estamos pisando, ou pior, estamos à beira de uma banalidade sem fim quanto a nossa privacidade. Nem damos conta das tantas imagens ao nosso redor que fazem de nós mesmos reféns de nossos próprios atos, estes inconscientes, porém reflexos de uma leve impressão de consciência. Nada é impingido a nós, principalmente na era em que vivemos, uma vez que ainda subsistimos num regime democrático; isto posto, criamos realidades, ficções necessárias, as quais fazem jus a forma critica de vida que temos hoje. De tal modo, lendo-me aqui enquanto assimilo minhas ideias, até sinto-me um pouco pessimista, mas percebo meu olhar como um distanciamento, como um vôo para que eu posso me enxergar e visualizar mais de perto onde estou inserido nisso tudo.
Até agora ainda não mencionei Brexit, contudo minhas palavras são um rodeio ao redor dos acontecimentos desse filme. Acredito que todos sabem que tal título corresponde à saída ou tentativa dela do Reino Unido em sair da União Européia. É sobre isso que o filme trata. Embora esse assunto seja importante a ser discutido, não venho aqui fazê-lo. Por outro lado, abordo o como tudo aconteceu, principalmente quanto ao início de toda a campanha daqueles que propagaram o start dessa saída. O personagem principal, Dominic Cummings, é quem lidera essa jornada e para tal, faz o mesmo que o Facebook, o qual, promove propaganda nas timelines de cada usuário de acordo com seus clicks, likes e procuras, entretanto, Dominic não enseja vender produtos e lucrar e, pelo contrário, tem o objetivo de angariar votos de pessoas que estão à margem da sociedade, àquelas que não votam há um longo tempo, que estão desempregadas ou mesmo esquecidas pelo governo.
Há um problem aqui? Sim. Há uma questão ética a ser tratada, mas a prioridade, neste caso, não é discutirmos ética e, sim, a forma pela qual Dominic encontra esses possíveis eleitores ou alvos políticos em Brexit. Ao agir através de robôs, como nas redes sociais, ele concretiza seu objetivo e encontra tais pessoas. E por tal razão, penso eu, que estamos numa era incerta quanto ao modo pelo qual podemos nos sentir seguros com relação a nossa privacidade. O acúmulo de informações pessoais são dadas ao governo, em principal, através de ads e redes sociais, de tal maneira, tornamo-nos targets daqueles que nos governam. A forma pela qual a campanha do deputado Bolsonaro, atual presidente da República se fez, corresponde a imensa importância, a qual temos que estar atentos e que diz respeito ao modo como usamos a internet. Ela tem sido fundamental na política, tanto no Brasil quanto nos EUA por exemplo, dado o desmedido espaço ocupado, no Twitter, pelo presidente Trump. Ou seja, há muito pano pra manga.
Devemos estar cientes de que estamos sendo vigiados. Pode ser paranóia ou ficção científica, mas não é. Não somos obrigados a conviver em harmonia com as redes sociais, porém, o que acontece quando saímos dela? Para onde se vai nossas intrínsecas manias, desejos e angustias? É mais fácil permanecermos num estado de letargia quanto ao nível de consciência. Atentarmos, no entanto, já é um passo para entender o quanto estamos inseridos profundamente nessa realidade virtual que é nossas vidas atualmente.