Sai de Baixo recebe imprensa em coletiva sobre o filme, que rende boas risadas
As entrevistas individuais com elenco e direção de Sai de Baixo – O Filme ocorreram no mesmo dia da coletiva de imprensa sobre o novo longa-metragem que estreia hoje nos cinemas. No vídeo acima vocês podem conferir a entrevista individual exclusiva com Lúcio Mauro Filho, ator e comediante que interpreta dois novos personagens inseridos na trama, e Cris D’Amato, diretora que fez estes personagens regressarem às telas, desta vez, no cinema.
O filme dirigido por Cris D’Amato e com roteiro escrito por Miguel Falabella mantém praticamente toda a formação original do que era o antigo Sai de Baixo, programa de palco gravado no teatro Procópio Ferreira nos anos 90, que era exibido em horário nobre, aos domingos, na Rede Globo por quase sete anos seguidos (de 1995 a 2002) que foram renovados gravando uma segunda fase em 2013 como forma de recordar o antigo programa.
Idealizado por Daniel Filho, o programa Sai de Baixo tinha como base de inspiração a Família Trapo, famoso programa de televisão da década de 60 que passava na TV Record, criado por Jô Soares e Carlos Alberto de Nóbrega. Ambos os programas fizeram muito sucesso cada um com estilo próprio e bastante irreverência.
Mas vamos ao que interessa: como foi a coletiva de imprensa e o que esse grande elenco formado por Marisa Orth (Magda), Miguel Falabella (Caco Antibes), Tom Cavalcante (Ribamar), Luiz Gustavo (Vavá), Lucio Mauro Filho e Cris D’Amato tinham pra nos contar sobre bastidores, formação original, seus personagens e o momento atual, além de contar um pouco sobre o que foi vivenciar a trama e trazer para as telonas essa incrível trupe. O tom de humor se manteve durante toda a coletiva, exceto quando foram inquiridos sobre o “politicamente correto” que beira os dias de hoje e o quanto os personagens de Sai de Baixo não se encaixam nessa nova era. Todos os artistas se manifestaram sobre o tema que chega a ser sempre polêmico, porém se saíram muito bem da sabatina e deram a volta por cima, dando ensinamentos sobre o que é humor e como é realmente recebido pelo público.
Miguel Falabella e todo o elenco ressaltaram que o humor nada mais é do que uma representação escrachada, exagerada dos personagens que acabam retratando a realidade, o que faz com que a plateia se identifique e se sinta representada o que ao invés de gerar desconforto, faz com que haja uma nítida receptividade por parte do público.
Magda, ou melhor, Marisa Orth, defende a existência da personagem nos dias de hoje, mesmo existindo o discurso do “politicamente correto” inflamado na sociedade e diz: “eu acho que o humor, em primeiro lugar, é uma ferramenta crítica absoluta! Você achar que o Caco e a Magda são para fazer propaganda de gente como Caco e Magda, eu acho um raciocínio curto. E o que eu vejo muito hoje é que as pessoas estão matando o bobo da corte e não o rei! É óbvio que a Magda é uma crítica à mulher imbeciloide que não faz nada, que é uma gostosa que usa uma saia curta e que fica com um marido que rouba mas ela não rouba (fazendo graça e voz de Magda ironizando a fala) e o Brasil está cheio disso”.
Miguel acrescentou: “O Caco não existe como mudá-lo, não há politicamente correto que enquadre Caco Antibes, até porque ele acha politicamente incorreto coisa de pobre”, e levou assim todos a gargalhadas. Continuando o discurso sobre o politicamente incorreto, Marisa disse: ” Ele me ensinou algo muito importante: É ruim ser pobre! Pobreza é um troço ruim e o pobre é o primeiro a bater palma pra ele. Pobre se vê e pensa: finalmente alguém falou que ser pobre é de quinta! Essa atitude de “não vamos falar, não comenta que ele pobre, ele é limpinho…gente simples! Não tem direito de ser complicado? Além de pobre, ele é simples? Ele não é simples, ele é pobre! É uma questão transitória, mutável, porque quem é pobre pode deixar de ser pobre e deve deixar de ser pobre”, finalizou Marisa.
Miguel disse que no início diziam pra ele: “Falabella, isso aí vai dar problema”, e acrescentou: “eu me lembro logo no início dessa brincadeira de falar de pobre eu pensei, esse homem é um psicótico, ele come feijão e arrota peru. No terceiro programa fomos almoçar ali perto da Augusta próximo ao Procópio Ferreira, eu fui guardar o carro e a mulher que guardava o carro disse: fale de ‘não sei o que’ que pobre gosta muito, e começou a me dar coisas pra eu falar. E eu falava coisas que eu via na minha família, coisas do pão de camadas, o sanduíche que cobria com pano de prato molhado pra não ressecar”. E mais uma vez a imprensa ri com eles, e assim dão uma aula do que é o humor.
Luiz Gustavo, ao falar do antigo Sai de Baixo, se lembra que não sabia por que o programa fazia tanto sucesso, com diálogos e um roteiro simples. “Um programinha de merda, mal escrito” como ele mesmo disse, fazia tanto sucesso. E que somente hoje, ao gravar o filme ao lado de seus antigos colegas, e somente ao assistir como espectador, porque não trabalhou durante todos os dias de filmagens, conseguiu entender a proporção dos personagens e o quanto o Sai de Baixo é engraçado.
Tom Cavalcante incluiu a fala de Luiz Gustavo que eles eram incontroláveis e que se divertiram muito também durante as gravações do filme: “Eu particularmente amadureci muito, porque Miguel e eu aprontávamos muitas loucuras”, e deu alguns exemplos de atuações fora do texto porque a tônica do programa era realmente o improviso.
O que ainda se pode ver no próprio filme porque Cris D’Amato não cortou as cenas em que os atores saem de seus personagens e conversam entre si, como faziam também no programa, e nem as risadas fora do texto que deram quando alguma cena causava reações fora do contexto da cena. Um exemplo disso é quando Lúcio Mauro Filho descreve que morreu algumas vezes em cena porque Miguel Falabella soltava frases que o faziam rir e isso também não foi editado para continuar no tom de Sai de Baixo.
Sai de Baixo estreia hoje nos principais cinemas do Brasil e faz uma espécie de road trip no ônibus da “Vavá Tour”. Seus personagens permanecem com os mesmos estereótipos divertidos dos anos 90, fazendo piadas com os problemas da população brasileira. Entre nesse túnel do tempo mas ao mesmo tempo veja uma Magda “empoleirada”, Caco Antibes preso por seus crimes, conheça o filho da Magda e do Caco, a tia do Ribamar e tantos outros personagens icônicos e caricaturados.
Esses detalhes fazem com que o projeto de Sai de Baixo – O Filme seja especial e atenda às expectativas do público com nostalgia e ainda assim dando uma modernizada no discurso, trazendo e mostrando que a arte imita a vida e vice-versa. Que as famílias de todo Brasil lotem as salas e possam rir de suas próprias verdades como os atores mencionaram na coletiva. Um filme adequado para um domingo em família com um tom irônico, leve e divertido.