RBG (2018) - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
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RBG (2018)

Dirigido por Betsy West e Julie Cohen RBG (2018) faz um apanhado da vida e feitos da graciosa e importantíssima Ruth Bader Ginsburg, uma juíza associada da Suprema Corte dos Estados Unidos desde 1993, tendo sido nomeada por Bill Clinton. Ruth lutou desde a juventude pelos direitos das mulheres, em busca de igualdade e respeito. Representa uma figura de suma quebra da linearidade na história dos Estados Unidos, ousando ir em frente em um momento onde “homens brancos permaneciam sentados nos pescoços das mulheres”.

Por se tratar de uma figura política, de suma importância histórica e que tem postura e pensamento evidentemente diferente do atual presidente dos EUA, provavelmente esse será o documentário premiado no Oscar 2019, apesar de falar sobre essa figura excepcional, cativante e inspiradora, tecnicamente o documentário é muito tradicional e simplista em sua linguagem, contentando-se constantemente com o básico, entrevista com pessoas próximas, recortes pontuais, imagens de acervo limitadas e desenvolvimento pouco inspirador.

Pessoalmente, por essa pouca inspiração criativa, o que acaba inclusive não fazendo jus à grandiosidade da personagem central, meu coração tende a focar na mensagem. E nesse ponto é surpreende acompanhar a história de Ruth Bader, que possui uma já aparência fragilizada mas se agiganta espiritualmente; mesmo que não possua um grande interesse pelo meio legislativo, é impressionante como a força, profissionalismo e talento de Ruth Bader inspire não só pessoas da sua área, como todas que se relacionam de algum modo com a palavra “transformação”.

Em dado momento, Ruth cita sua mãe, que tinha dois ensinamentos fundamentais, que repetia constantemente: seja uma dama e seja independente. Seja uma dama significava não se deixar vencer por emoções inúteis, como a raiva; e por independente queria dizer, “tudo bem que conheça o príncipe encantado e viva feliz para sempre. Mas você precisa ser capaz de se defender sozinha”. Essa é a mensagem que define não só a trajetória de Ruth e sua intensa contribuição aos direitos femininos, mas também ao aspecto fascinante de assistir esse documentário, compreender detalhes de uma vida destinada a ultrapassar imposições e servir como inspiração. Uma mulher que combina força mental com profissionalismo e humanidade, liberal, comunica-se com a extrema direita, muda ao mundo ao passo que na quietude da sua particular e pacata vida, fica com os olhos marejados ao assistir óperas e se surpreender com o alcance vocal humano. Alcance vocal dela, que grita no peito a revolução do primeiro passo.


Ouça o CdA – Podcast sobre esse documentário e Minding the Gap (2018), ambos indicados ao Oscar 2019.




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