Crítica: A Primeira Noite de Crime (The First Purge, 2018)
A Primeira Noite de Crime (The First Purge) é coerente com os outros filmes da franquia, se isso é bom ou ruim é outra história…
Ficha técnica:
Direção: Gerard McMurray
Roteiro: James DeMonaco
Elenco: Y’lan Noel, Lex Scott Davis, Joivan Wade
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2018 (27 de setembro de 2018)
Sinopse: Quando um novo partido político, o New Founding Fathers of America, ascende, é anunciado um novo experimento social. São 12 horas sem lei, em que o governo incentiva as pessoas a perderem toda e qualquer inibição. A participação não é obrigatória, mas como estímulo, 5.000 dólares é dado para quem fica na cidade, e mais prêmios para quem participa.
A franquia “Noite de Crime” (The First Purge, no original) padece de um mal que atingiu Jogos Vorazes: uma excelente ideia para uma crítica social e para suscitar discussões pós-filmes, e ambos os casos envolvendo sacrifício humano, mas que a realização deixa a desejar. A aventura teen ainda consegue ser mais efetiva que a ação de horror que estamos tratando aqui.
Para quem não conhece, a premissa é bem simples e inquietante: imagine que durante 12 horas os crimes estariam liberados de forma institucional. Sim, inclusive assassinato. Quais seriam as consequências? E os que não querem participar pilhando como fazem para defender o próprio patrimônio? Você faria algo que não faz normalmente?
Muitos momentos dos filmes, em especial no anterior, o O Ano da Eleição, temos um maniqueísmo para marcar os papéis sociais, algo que se repete em A Primeira Noite de Crime. Pelo menos neste temos um protagonista com alguma camada a mais, o Dmitri (Y’lan Noel, de boa presença física – como disse o meu companheiro de cabine de impresna, Felyppe Merick do site Premiereline, o ator daria um bom Blade), porém ainda com um tipo muito banal: o traficante “bonzinho”. Fora ele, os caracteres são ainda mais óbvios: a ativista, o político malvadão, o psicopata…
A ação é estilizada, em alguns momentos beira algo que vemos em filmes de heróis ou um filme dos anos 80. Uma das poses, com ele atirando ajoelhado em um contraluz reflete bem esse ponto. Além disso, temos aquele velho clichê de: se o personagem não importa ele pode morrer ou se machucar. Agora se a luta envolve o nosso (anti)herói então ele adquire poderes de esquiva e ganha as 7 vidas de um gato.
A crítica social, mote do longa, é extremamente batida: não à toa a trama se passa em um bairro de negros e os vilões são brancos. A reflexão sugerida não tem nada de sugerida, mas sim completamente jogada na nossa cara e sem acrescentar uma vírgula sobre o tema, inúmeros outros filmes tratam da questão de forma muito mais inteligente ou até cínica. Aqui é só bobo.
Como prequel da franquia, A Primeira Noite de Crime explica algumas coisas, por exemplo a origem do uso das máscaras ou mesmo o real motivo por trás do evento. Mas deixa algumas pontas soltas. Não sei até que ponto isso é ruim, porém pode deixar um gosto amargo nos fãs.