Crítica: Cherry Pop
Cherry Pop, 2017
Diretor: Assaad Yacoub
Roteiro: Nick Landa
Elenco: Lars Berge, Bob the Drag Queen, Tempest Dojour, Detox, Mayhem Miller, Tyrone Jackson.
Sinopse: Um recém-chegado na cidade luta para ser não ser excluído em sua primeira noite em um bar com shows de Drag Queen. Ao mesmo tempo, todo o caos acontece no camarim, envolvendo todos as performers da noite. Afinal, Cherry Pop é uma boate fim de carreia, onde os sonhos vão para morrer ou onde eles começam?
Eu confesso que não queria ter que escrever o que estou prestes a escrever sobre o filme Cherry Pop, mas meu compromisso comigo mesma é falar dos filmes LGBT, inclusive dos ruins, dos muito ruins e até daqueles que acabam e você pensa “nossa, acabei de perder 1h20 da minha vida!”. Eu também nunca pensei em escrever uma crítica, porque não entendo especificamente do cinema em si. Falo da história, dos sentimentos, mas nunca do cinema, mas vamos lá!
O filme Cherry Pop foi bastante divulgado e contém nomes relevantes da cena Drag americana, conta inclusive com a ganhadora da oitava temporada de RuPaul’s Drag Race, por isso, esperava muito mais do filme, mas ele morre com suas piadas, seu roteiro e a grande falta de nexo.
Cherry Pop é uma expressão em inglês para “tirar a virgindade”. Foi escolhida como nome do filme pois a trama se passa em uma boate americana que cede seu palco para novas drag queens fazerem suas performances de estréia, ou seja, a boate pop that cherry.
A proposta de Cherry Pop é ser uma comédia inapropriada, mas falha muito em entregar a maior parte de suas piadas. Levando em consideração a diferença cultura, pode ser que entre o público americano o roteiro do filme faça mais sentido, mas aqui, vai ser difícil o filme emplacar.
Minha primeira observação, e grande surpresa, de Cherry Pop, são as diversas colocações misóginas colocadas nas falas dos personagens. As drag queens, em vários momentos, colocam a mulher em um lugar diminuído, repulsivo. O filme chega a beirar uma leve transfobia quando se fala de drag queens “passáveis”, mas consegue se salvar nesse ponto.
A atuação e construção de alguns personagens me parece forçada, principalmente das personagens Choriza e Allusia, embora eu adore uma delusional queen. Algumas intérpretes mais experientes conseguem salvar um pouco o filme do desastre total e conseguem trabalhar bem suas personagens, como Bob e Tempest. Aliás, se não fosse por essas duas, o filme receberia claquetes negativas… rs
Talvez a grande diferença do filme para o público brasileiro seja realmente a cultura e o tipo de humor. As músicas que as personagens performam são de se desacreditar, mas são músicas reais e de autoria da Wendy Ho, uma comediante americana.
Fora os atritos entre as personagens, o filme não traz muito mais coisa em seu roteiro. Existe uma pretensiosidade do roteirista em fazer do Cherry Pop uma comédia inapropriada, mas ainda assim aspiracional e que fale com seu público sobre sonhos e sobre persegui-los sem se importar com o que as outras pessoas pensam, mas não cola.
O filme está disponível na Netflix, para quem quiser tirar suas próprias conclusões.
P.S.: Existem Drag Queens homônimas do filme, mas que, diferente dele, são incríveis e vale muito a pena conhecer!