Crítica: Inferno (2016)
Inferno é só uma ação boba e pueril.
Ficha técnica:
Direção: Ron Howard
Roteiro: David Koepp
Elenco: Tom Hanks, Felicity Jones, Ben Foster, Omar Sy
Nacionalidade e lançamento: EUA, 2016 (13 de outubro de 2016 no Brasil)
Sinopse: O professor Robert Langdon (Tom Hanks) acorda em um hospital. Além de desnorteado ele tem visões infernais. Logo descobre que está sendo perseguido. Junto com a Dra. Sienna Brooks (Felicity Jones), Langdon tentará sobreviver e, mais que isso, salvar a humanidade.
Dan Brown é um escritor que fez muito sucesso com livros de mistério e ação baseados em enigmas envolvendo a releitura de símbolos, em alguns casos sacros para determinados grupos. Causando polêmica e dando popularidade para o autor. O personagem mais icônico das obras é o professor simbologista Robert Langdon.
Depois de Código da Vinci e Anjos e Demônios chega às telonas a adaptação de Inferno. A crítica se deterá na análise do filme, mas faço um a parte para dizer que considero Inferno o melhor livro de Brown. Ele trata do tema da superpopulação de um jeito instigante e perturbador. Além de ter belas referências artísticas, notadamente, claro, Inferno de Dante Alighieri. Mas a expressão cinematográfica toma alguns caminhos que desconsidera parte do tempero da trama original, em especial no último arco.
O filme tem um breve, impactante e essencial prólogo. Após aquele momento, a sensação de ação contínua permanece. A confirmação de que nosso protagonista é o cara mais sortudo e mais azarado do mundo também marca presença. Ele sempre se mete em encrencas, mas é salvo, no último segundo, de uma forma que beira o absurdo.
Alguns lances de Inferno seguem a lógica dos filmes anteriores. Além desse absurdo conveniente, temos: uma ação frenética, viradas de roteiro, perseguições e Langdon resolvendo quebra-cabeças a partir do grande conhecimentos que possui. Este último elemento se presta mais a uma reverência ao material original do que um desafio. O público não faz parte da resolução dos mistérios o que torna a coisa um tanto desinteressante. Alguns poucos tem pistas plantadas com alguns closes ou então pela intuição do telespectador. Tudo é resolvido muito rapidamente e logo seguido por outro puzzle. Quando somos chamados é apenas como espectadores de exposições narrativas que não fazem sentido. Diálogos entre dois especialistas esperava-se um rebuscamento maior.
Já o visual funciona. As visões de Langdon são infernais e mostram todo tipo de ruína humana. Mas são pouco exploradas e em alguns dos efeitos o CGI grita muito. Tom Hanks fica meio alheio naquelas cenas. Se por um lado os efeitos funcionam parcialmente ao mostrar cenas com algum grau de asco, por outro não usar melhor do espaço das cidades como Veneza, Florença e Istambul é quase um crime. Mesmo que de maneira mais efetivamente narrativa ou ao menos de forma contemplativa, os cenários são pouco visualizados – você não se sente naqueles ambientes. A câmera mais fechada e a trilha sonora (do ótimo Hans Zimmer) também não ajudam nessa contextualização. Nesse sentido, o livro ilustrado é mais recomendável.
O bom elenco é subaproveitado. As atuações não são um problema, mas não há material aqui que permita uma carga dramática envolvente. Omar Sy (Chocolate), Felicity Jones (A Teoria de Tudo) e Ben Foster (Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos), além de Hanks (confira um podcast inteiro sobre o astro), são nomes que teriam muito mais a entregar. Tom Hanks, contudo, está melhor que em Código da Vinci. Logo na primeira cena vemos dor e confusão. Posteriormente temos algum charme, perspicácia e ímpeto. O personagem e o ator estão mais maduros aqui. Em linhas gerais, os personagens são sempre presentes e as motivações deles estão claras. Mas Inferno carece muito de um aprofundamento. E para um filme de mais de 2 horas é um erro que não pode ser perdoado.
Inferno tenta (e é) ser movimentado. Mas é incrível como que um longa com essa proposta pode causar sonolência, problema decorrente em especial do roteiro, mas com culpa da direção e montagem. Quem se bastar com duas ou três viradas pode ter uma experiência melhor. Todavia, o mal de quem tenta surpreender sempre é que acaba matando o fator surpresa. A produção é grandiosa e isso também encantará alguns. Porém falta sustância, cenas marcantes e Inferno mais do que um filme ruim, já que ele não comete tantos pecados, é uma experiência esquecível.
Resumo
Inferno tenta (e é) ser movimentado. Mas é incrível como que um longa com essa proposta pode causar sonolência, problema decorrente em especial do roteiro, mas com culpa da direção e montagem. Quem se bastar com duas ou três viradas pode ter uma experiência melhor. A produção é grandiosa e isso também encantará alguns. Porém falta sustância, cenas marcantes e Inferno mais do que um filme ruim, já que ele não comete tantos pecados, é uma experiência esquecível.