49º Festival de Brasília, 3º dia: Martírio
No segundo dia da mostra competitiva do 49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro apenas um longa foi exibido, ao contrário do primeiro que tivemos três filmes. Mas também pudera, o documentário pernambucano Martírio possui mais de 2h40 horas de duração. Juntos os três filmes que abriram a competição não chegam nesse tempo.
O diretor Vincent Carelli já havia trabalhado com a questão indígena em outras produções dele. Agora no segundo longa fica em voga toda a saga dos Guarani Kaiowá. O termo, que ficou famoso nas redes sociais quando muitos alteram os próprios nomes para inclui-lo em forma de protesto/solidariedade, tem uma história muito maior e mais complexa do que uma moda passageira no Facebook. E é contar essa história, de forma exaustiva, que Carelli se propõe em Martírio.
Carelli coletou um material invejável sobre o tema. A parte histórica traz uma ligação importante para sustentar o contexto daqueles povos. E misturá-la com depoimentos carregados de emoção fortalece o vínculo com o público e não deixa o filme pesar tanto. Aliás, essa é uma preocupação clara em um longa de 160 minutos. E incrivelmente a morosidade prevista não é tão sentida e vemos o tempo passar (por exemplo no longa exibido um dia antes, Rifle, de apenas 85 minutos, o cansaço chega mais rápido). A narração e a montagem são dinâmicas. Há falhas, contudo, em uma certa repetição e consequente barriga. Um momento em especial, mais para o final, vemos um debate na Câmara dos Deputados. Os diálogos são interessantes e causam frisson no público, mas ele se prolonga e destoa do resto da narrativa.
Ainda assim, Martírio é um documento histórico, contemporâneo e reflexivo. O forte viés religioso dos Guarani Kaiowá, a tensão política e alguma complexidade da questão é posta em tela. Mesmo caindo em maniqueísmos, dada algumas armadilhas na abordagem que o diretor não quis ou não conseguiu evitar, serve como um ótimo recorte daquele tema. NOTA 3 estrelas.
Hoje serão exibidos dois filmes na mostra competitiva:
CONSTELAÇÕES, de Maurilio Martins, 25min, 2016, MG (livre)
A CIDADE ONDE ENVELHEÇO, de Marilia Rocha, 99min, 2016, MG/Portugal (12 anos)
21h30, Cine Brasília
Para mais informações sobre o festival acessem:
festbrasilia.com.br