A mulher negra no Cinema Brasileiro por Ana Flavia Cavalcanti.
O debate sobre o papel da mulher negra no cinema brasileiro continua, após a grande repercussão da primeira entrevista feita com a cineasta Sabrina Fidalgo (https://cinemacao.com/2015/08/10/a-mulher-negra-no-cinema-brasileiro-por-sabrina-fidalgo/).
De 02 meses pra cá, vimos a atriz americana Viola Davis fazer história ao ser a primeira negra a vencer o prêmio de Melhor Atriz Dramática no Emmy. Enquanto isso, em território nacional, vemos gradualmente um número maior de profissionais negras, atuando em obras que não tem o Brasil Escravocrata como pano de fundo.
A ascensão das atrizes no Cinema, na TV e no Teatro é visível, mas ainda está longe de quitar a dívida histórica que a nação tem com elas e como toda a comunidade negra.
1 – Como você avalia a representação da mulher negra no cinema brasileiro hoje?
Bom, eu vou falar sobre o cinema brasileiro mas sabemos que no cinema internacional a representação da mulher negra é ínfima se comparada a representação do homem branco.
Duas cineastas negras que gosto muito: Sabrina Fidalgo e Renata Martins.
2 – Nos seus trabalhos no cinema, teatro e TV há uma preocupação com a representatividade da personagem que irá interpretar? Você tenta compensar uma possível repetição de contextos através de uma interpretação realista e não-estereotipada?
3 – Atualmente você está no ar em “Além do Tempo”, novela das 6 da TV Globo, onde interpreta a “Carola”, uma moça simples e batalhadora que se candidata a trabalhar no casarão da temida Condessa Vitória (Irene Ravache). A trama se passa no século XIX, um período de profundas transformações na sociedade brasileira. De lá até aqui houve mudanças significativas na representação da mulher negra? Há semelhanças entre a mulher negra Carola e a mulher negra Ana Flavia?
4 – No curta metragem “Personal Vivator”, escrito e dirigido pela cineasta Sabrina Fidalgo, você interpreta uma “babá de filha de mãe presente” – como ironiza o próprio cartaz do filme – que também vive seu lado dominante ao contratar uma babá. Essa inversão de comportamento reflete a necessidade de algumas mulheres negras de autoafirmar um poder que é ignorado pelas artes e pela mídia?
Ana Flavia Cavalcanti e Fabrício Boliveira em cena do curta metragem “Personal Vivator”.