Crítica: Uma Longa Jornada – The Longest Ride – 2015
O que não fazemos por amor? Na verdade, foi uma situação justa. Conforme aquilo que já escrevi aqui, levo minha namorada ao cinema para assistir os filmes que gosto (o que acontece com certa frequência), e ela me leva para assistir os filmes que interessam a ela. A última vez que isso aconteceu e que ofereci certa resistência foi com o filme “A Culpa é das Estrelas“. Como no fim, até gostei do filme, resolvi arriscar novamente, e de quebra, agradei a namorada!
Com estréia no cinema do interior uns dois meses após a estréia nacional, em uma noite de Domingo, algo me chamou muita atenção: 95% da lotação da sala era composta por casais jovens. E outra! As únicas pessoas que não eram casais, eram mulheres. Isso me remeteu, mais uma vez, a “A culpa é das Estrelas“… que apresentava alguns casais, e várias adolescentes e mulheres jovens.
O próximo parágrafo contém spoilers.
Este quase “déjà vu” não parava por aí. No meio do filme eu perguntei para minha namorada: Você me trouxe a outro filme para me fazer chorar? A resposta foi algo bem próximo de um sim cheio de eufemismo (não lembro dos detalhes). Depois, durante o filme, perguntei: alguém do casal protagonista morre? Ela disse “não”. Mas alguém morre? É claro que a resposta foi “sim”. A série de semelhanças é tão grande que eu acreditava que o escritor do livro “Uma longa jornada” seria John Green (autor de “A Culpa é das Estrelas“), mas na verdade o livro foi escrito por Nicholas Sparks, que por sinal, já teve 10 livros adaptados para o cinema, e com mais um em produção.
Outra coisa interessante sobre o filme é o nome (que veio do livro). O nome em inglês, é “The longest Ride” e poderia ser traduzido literalmente como “A mais longa jornada” ou ainda “a mais longa montada” (por causa dos 8 segundos que um cowboy deve ficar sobre o touro). Esta ambiguidade em inglês é muito condizente com a história do filme. Porém este já apresentou um trailer bem sensualizado, o que torna a segunda opção bem apelativa. A escolha final do título foi uma adaptação da primeira opção, o que foi uma boa decisão. Aliás… por falar no trailer, publicamos o mesmo a algum tempo, e toda a sensualidade do filme remete à apenas uma cena do filme. Mas existe outro trailer mais honesto. Na verdade, o trailer apelativo provavelmente foi lançado devido ao sucesso de vendas de “50 tons de cinza“…
O filme é um romance cheio de “cliches” do gênero. Casal muito diferente (mas fisicamente muito bonito) se encontra. Se apaixonam. Encontram alguns pontos em comum. Também encontram vários pontos que os diferenciam e os afastam, mas o amor e o destino diz que eles devem ficar juntos, e isso acaba acontecendo. A sinopse seria algo assim: “Sophia é uma jovem universitária se preparando para seguir a carreira no ramo de comércio de arte na cidade de Nova York. Em um rodeio, ela conhece Luke, um cowboy por quem se apaixona. Após o primeiro encontro, o casal salva a vida de Ira, um idoso de 91 anos que recentemente se torna viúvo. Este é o início de uma bela história de amor”. Não sou muito bom em sinopses (meu poder de síntese é ruim), mas dá para perceber como é este filme é muito encaixado no gênero “romance”.
Apesar de ser um pouco “repetitivo”, é um filme bem executado, e com atores com certa ascendência no cinema.
- Scott Eastwood (o papel mais interessante dele até então foi em “Texas Chaisaw 3D” e já atuou em filmes dirigidos pelo paizão Clint Eastwood, como “Invictus” E “Gran Torino” porém, em papéis menores) interpretando de Luke Collins, o “cowboy” que tenta se tornar o número 1 do mundo nas montadas em touros.
- Britt Robertson (que com 25 anos já participou de mais de 20 filmes e por volta de 17 seriados de TV, sendo que a participação mais importante no seriado “Under the Dome”) no papel de Sophia Danko, a descendente de Poloneses e estudante de arte.
- Alan Alda (famoso nos E.U.A. por um seriado de TV chamado M.A.S.H. que esteve no ar entre 1972 e 1983, e com uma indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante por um papel em “O Aviador – The Aviator de 2004”) no papel de Ira Levinson já idoso.
- Jack Huston (cujo maior papel foi de um Gangster no filme “Trapaça – American Hustle – 2013” ) no papel de Ira Levinson jovem.
- Oona Chaplin (sim, ela é parente de Charles Chaplin, na verdade é neta dele, com certa carreira no cinema e na TV, com destaque para o papel de Talisa Maegyr/Stark em Game of Thrones, que pela fama do seriado esta personagem já deve estar morta) interpretando Ruth, o par de Ira, na melhor interpretação de todo o filme.
Por fim, o filme é um bom filme de romance, com todos os itens que um filme destes pede. Muito bom para quem gosta do estilo. Um filme bom para quem não liga muito para o gênero. E sim, eu chorei neste filme, mas bem menos que em “A culpa é das estrelas”.