Crítica: A Invenção de Hugo Cabret


O filme conta a história de Hugo, um garoto que vive na estação de trem em Paris onde trabalha com relógios, ao mesmo tempo em que tenta recuperar uma estranha máquina que recebeu como herança do falecido pai. Aos poucos, ele descobre quem realmente é o velho rabugento dono da loja de brinquedos da estação: um dos maiores inventores do cinema.

Scorsese decidiu dirigir este filme a pedido de sua filha, que queria que ele fizesse algo que ela pudesse ver. Isso é bastante explicativo se pensarmos no fato de que “Hugo” se torna, em diversos momentos, uma aula de história do Cinema: é como se ele fosse guiado por tudo o que deseja ensinar para sua filha.
Talvez seja o clima de “paizão” que faz Scorsese tomar decisões um pouco exageradas como diretor. Mesmo com a fotografia excelente e uma ambientação cuidadosa, o filme tem subtramas desnecessárias e para o desenrolar da história, no afã de se fazer as crianças rirem: como a dos velhinhos apaixonados e da paixão do inspetor cômico (Sacha Baron Cohen incrível como sempre). Scorsese não tem muito jeito com crianças, e podemos perceber isso não somente pelas raras situações realmente “infantis” (leia-se cômicas) no filme, e pelo fato de o filme ser, em diversos momentos, arrastado e lento.

A maior beleza de “A Invenção de Hugo Cabret” talvez esteja na discussão a respeito de quem somos e quem seremos. Em determinado momento, Hugo é perguntado sobre seu propósito na vida, e logo em seguida é feita uma relação com a necessidade de saber quem foram nossos pais para que possamos entender a que viemos. No fim das contas, Scorsese mostra sua história para que o espectador (sua filha) entenda melhor seu próprio objetivo, mas ao mesmo tempo essa lição também vale ao cinema: ao contar como surgiu a sétima arte, ele também indica para onde ela deve ir, e como prosseguir. Ora, se foi a paixão pelos sonhos que levou Méliès adiante, talvez seja a partir daí que o cinema deva prosseguir, especialmente agora com essa tecnologia do 3D.
