ROCHA )S( #01 – “Primeiro tratamento – O Boom da criação”.
(pós-big BANG)
– tratamento de roteiro nº 01 –
“Verbum volat, scriptum Manet.”
(A palavra voa, a escrita permanece).
Com medo da caixa preta ganhar o céu em voo rasante e se perder no tempo: Registro.
Com medo que a vida me acerte e que elas morram comigo, sem registro:
… Elas (as lembranças, os registros) me perseguem, sempre à surdina, na espera oportuna para adentrar em meus poros, e invadir as páginas da minh’alma.
CORTA PARA
(momentos antes do BOOM)
Antes de liberta-se da cadeia de ideias e pensamentos que regem o universo, a “criatura” passa por um processo de autofecundação que nos é inerente. Ansiar, esperar, forçar, são verbos insuficientes no “big-bang” que a mente humana provoca diariamente. Ela surge de atos despretensiosos, situações cotidianas e em alguns casos reais.
Um surto criativo é como a morte. Uma certeza indefinida.
Não tem tempo, tampouco espaço.
Partículas que se juntam no cosmo. O esboço do todo. O rascunho de um quebra-cabeça que ainda virá.
Nesse caso, a época onde celebramos o nascimento, os laços (atados no pós parto). O solo fértil e familiar do Natal testemunha o surgimento de um ciclo e o fim de outro. A storyline de um filme – ironicamente, italiano – aperta o gatilho. Não de um revólver, mas de uma arma ainda mais eficiente. A palavra.
Nos laços italianos, a revolução é vista da janela do quarto.
Nos laços brasileiros, a guerra é fria e já está condicionada em todos os cômodos há anos, mas ninguém nota ou simplesmente finge não notar.
Os inocentes despertam a curiosidade, enquanto os ingênuos… Ah os ingênuos, eles já não comungam mais do mesmo presépio.
O laço se desfaz, as máscaras caem e a farsa acaba
(três que virão).
O teatro sai de cena e passa o bastão para um cinema, não necessariamente novo, mas essencialmente revolucionário. Uma revolução quente, aberta, decalcada de um acontecimento real, desenhada por um grafite afiado de crueza e nudez, desprovido de alegorias e acessórios natalinos sob a orientação espiritual da autenticidade do seu guia.
– 18 anos e cineasta [?]-
– Quase trinta e quem somos nós [?].
Sempre que a voz indaga a “PROFISSÃO”, o momento é da pausa dramática, e – ainda com dúvida e temor – respondemos com a firmeza de um ator medíocre.
Tenho o filme (na cabeça) e os diálogos (no roteiro).
– O mantra histórico “uma ideia na cabeça e uma câmera na mão” ainda funciona em tempos de ideias obsoletas e câmeras 4D?
O pano caiu e revela as reais respostas.
O querer, me fez sentir na prática – ainda que apenas na superfície da imersão – como é árdua e escrota, a tarefa de realizar cinema “independente” no Brasil. Sem papel, sem nome, sem “pistola”. Na guerrilha!
Para ver essa, outras ilustrações e conhecer o trabalho da Adriana Lisboa: http://adrianalisboapictures.tumblr.com/
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Próximo texto: Segunda-feira || Dia 30/03 || às 22H