Entre vinhos e paisagens
por Rodrigo Stucchi
Parece que o inverno finalmente chegou. É verdade que em nosso país o frio não é tão intenso. No entanto, não é todo mundo que se anima a sair muito de casa nessa época do ano. A melhor opção? Assistir bons filmes em casa, regados a bons vinhos, pipoca bem quentinha e, é claro, muitos cobertores.
A fim de te ajudar a entrar no clima, selecionei seis filmes dotados de belas paisagens e deliciosos vinhos, onde o bom gosto sempre está em pauta e o romantismo nunca sai de moda. Nada de coisas frias, tristeza, drama. Chorar? Só se for de emoção! Nestas obras, o cinéfilo é convidado a passear, viajar por lugares incríveis, degustar iguarias e desfrutar de misteriosas experiências junto a personagens intrigantes, instigantes e apaixonantes. Selecionei seis. As três primeiras mais focada nos vinhos. As demais, nas paisagens e no calor, para variar. Em todas vemos um pouco dos dois, mesmo que em tramas bem diferentes umas das outras. Sem mais delongas, vamos a elas:
1- Sideways – Entre umas e outras (Sideways: 2004)
Miles Raymond (Paul Giamatti) é um homem depressivo, que tenta se tornar um escritor. Fascinado por vinhos, decide dar como presente de despedida de solteiro a Jack (Thomas Haden Church), seu melhor amigo, uma viagem pelas vinícolas do Vale de Santa Inez, na Califórnia. Eles partem juntos na viagem, mas logo se envolvem com duas mulheres. Jack conhece Stephanie (Sandra Oh), a funcionária de uma vinícola local, que faz com que ele pense em cancelar seu casamento, e Miles se interessa por Maya (Virginia Madsen), uma garçonete que tem o mesmo apreço por vinho que ele. Para mim, o melhor filme sobre vinhos que existe! Ideal para quem é apaixonado pelas duas coisas, cinema e vinhos. Sem clichês, sem piadas forçadas, somente um ótimo filme. Não é a toa que ganhou três prêmios pelo seu Roteiro (BAFTA, Globo de Ouro e Oscar, em 2005). Recebeu outro Globo de Ouro como Melhor Filme de Comédia ou Musical, mais 4 indicações. No Oscar, outras 4 indicações: Melhor Filme, Melhor diretor (Alexander Payne), Melhor ator coadjuvante (Thomas Haden Church) e Melhor atriz coadjuvante (Virginia Madsen). Vale ou não vale a pena assistir?
2- Um Bom Ano (A Good Year: 2006)
Aos 11 anos, Max Skinner (Freddie Highmore) é cuidadosamente educado na arte de saborear vinhos por seu tio Henry (Albert Finney), dono de um vinhedo na França. Adulto, Max (Russell Crowe) torna-se um bem sucedido homem de negócios em Londres, sem qualquer tempo para degustações mais duradouras. Com a morte de Henry, Max volta para assumir os negócios do tio, já que ele é seu único herdeiro. Com boas perspectivas, resolve viajar para visitar sua nova propriedade. Não será fácil, porém, vender o lugar que lhe traz tantas lembranças de infância. Filme gostoso, suave, leve. Para quem gosta de uma boa história e um bom romance regado a vinho, um prato cheio! O mais incrível é que este filme foi dirigido por Ridley Scott, famoso diretor de clássicos de ação e ficção científica, como a filmografia Alien, Blade Hunner, Cruzada, Prometheus, entre tantos outros. Trabalhou 5 vezes com Russell Crowe (em Um Bom Ano foi a segunda vez). Os dois já estiveram juntos em Gladiador (2000), O Gângster (2007), Rede de Mentiras (2008) e Robin Hood (2010). Até então, esta foi a única comédia que Scott dirigiu.
3- Caminhando nas Nuvens (A Walk In the Clouds: 1995)
Paul Sutton (Keanu Reeves) é um jovem que volta da 2ª Guerra Mundial e é obrigado, por sua esposa Betty (Debra Messing), com quem se casou impulsivamente três dias após se conhecerem (e um dia antes de ir para o front), a vender chocolates. No ônibus, conhece a filha de um vinicultor, Victoria Aragón (Aitana Sánchez-Gijón), que está voltando do colégio para casa para ajudar na colheita. A bela mulher não é casada, mas está grávida de um professor por quem se apaixonou na faculdade, mas que não quis se casar com ela. A fim de livrá-la da humilhação e vergonha que sofreria, Paul se oferece para se passar por seu marido e conter a ira do pai, Alberto (Giancarlo Giannini). A fotografia é maravilhosa e a vinícola um verdadeiro charme. A cereja do bolo é, sem dúvida, a trilha sonora, que ganhou o Globo de Ouro. O romance é delicado e sensível, excelente para quem gosta do gênero. Curiosamente, ao mesmo tempo que o casal Reeves e Sánchez-Gijón receberam uma indicação ao MTV Movie Awards de Melhor Beijo, o ator recebeu uma indicação ao Framboesa de Ouro, na categoria Pior ator. Será que ele mereceu?
4- Sob o Sol da Toscana (Under the Tuscan Sun: 2003)
Frances Mayes (Diane Lane) é uma escritora que leva uma vida feliz em San Francisco, até que fica sabendo da traição de seu marido e se divorcia. Triste e deprimida, ela decide mudar radicalmente de vida e compra uma casa antiga na Toscana, para poder descansar e terminar em paz seu novo livro. O novo lar precisa de reformas tanto quanto sua vida. O filme tem vários pontos fortes! A história é belíssima, aborda vários personagens de forma bem descritiva, as paisagens são lindas e a riqueza de detalhes salta aos olhos. Mas o melhor é a sensacional atuação de Diane Lane, que lhe rendeu uma indicação ao Globo de Ouro na categoria de Melhor atriz de Comédia ou Musical. A narrativa mostra que a vida é feita de ciclos e que a palavra “recomeçar” pode ter vários significados, além de nem sempre ser ruim. Sinceramente, um de meus romances favoritos e, portanto, altamente recomendável!
5- Cartas para Julieta (Letters to Juliet: 2010)
Sophie (Amanda Seyfried) é uma aspirante a escritora que viaja para a Itália ao lado do noivo Victor (Gael García Bernal), que sonha em ter seu próprio restaurante. Em Verona, onde se passou a história de Romeu e Julieta, local perfeito para uma lua de mel antecipada, Sophie acaba percebendo que seu noivo está mais interessado nos fornecedores para seu restaurante do que nela. Na cidade, descobre uma antiga carta de amor e junta-se a um grupo de voluntárias que responde estas missivas amorosas. Para sua surpresa, a remetente Claire Smith (Vanessa Redgrave) ouve o conselho dado na resposta e vai procurar Lorenzo, por quem se apaixonou na juventude. Sophie demonstra interesse em ajudá-la na tarefa, desagradando o neto Charlie (Christopher Egan), que já tinha reprovado essa louca aventura da avó viúva. Logo no início, descobrem que existem muitos italianos com o mesmo nome, o que deixa a jornada difícil, porém muito mais interessante. Não por coincidência, este também está entre os meus romances favoritos. Afinal, tem muito vinho e as maravilhosas paisagens da Itália. Inspirador e Belíssimo!
6- Thomas Crown – A Arte do Crime (The Thomas Crown Affair: 1999)
Quando um Monet avaliado em 100 milhões de dólares é roubado do museu Metropolitan em Nova York, Thomas Crown (Pierce Brosnan), um bilionário que está acostumado a ter tudo que deseja, não é nem ao longe considerado suspeito. Porém, Catherine Banning (Rene Russo), uma investigadora contratada para reaver a pintura (por 5% do seu valor), tem certeza que Thomas é o ladrão. Paralelamente, Catherine e Thomas se sentem atraídos e começam um perigoso romance. A trama é cheia de detalhes, com reviravoltas e surpresas! O estilo sofisticado que os personagens principais trazem aos cenários exóticos (e aos vinhos) dão um toque especial à história, especialmente boa. Este filme é bem diferente dos outros cinco citados nesse post, mas não deixa nada a desejar no quesito enredo de qualidade. Um suspense envolvente, inteligente e fascinante, além de uma excelente dica para agradar homens e mulheres que gostam de filmes que combinam ação e relacionamentos picantes e instigantes.