Crítica: Os Estagiários
Vince Vaughn e Owen Wilson se reuniram depois de 8 anos para novamente invadir as telas com a comédia “Os Estagiários”. Para quem não se lembra, o primeiro filme que os dois fizeram juntos foi “Penetras Bons de Bico”, em 2005.
Em “Os Estagiários”, Billy (Vince Vaughn) e Nick (Owen Wilson) são grandes amigos e trabalham juntos como vendedores de relógios. Eles são pegos de surpresa quando seu chefe (John Goodman) fecha a empresa, por acreditar que o negócio esteja ultrapassado. Com problemas financeiros, eles conseguem a inscrição em uma seleção de estágio no Google. Mesmo sem terem a garantia que serão contratados, eles partem para a sede da empresa e lá precisam lidar com a diferença de idade entre eles e os demais competidores.
Já na sinopse do filme podemos perceber que este não é um simplesmente um filme, mas é sim um product placement gigantesco feito pela empresa mais novadora dos últimos anos.
Se você não sabe o que é product placement, podemos dizer que ele é regularmente confundido com o merchandising. Lembra do filme “O Show de Truman” que os personagens as vezes pegavam um produto e começavam a falar dele do nada? Pois é, é tipo aquilo. Um dos exemplos clássicos do product placement são as marcas de automóveis usadas em cenas na série de filmes James Bond. O filme Minority Report de Steven Spielberg é um dos exemplos mais bem sucedidos de product placement no cinema. Cerca de US$ 25 milhões do orçamento de US$ 102 milhões foram financiados por cenas pagas que mostraram marcas de automóveis, telefones celulares, relógios, entre outros…
Pois bem, “Os Estagiários” é um filme de product placement, pois o filme inteiro se passa dentro do Google! E sim, as filmagens foram feitas lá na empresa mesmo, o diretor Shawn Levy gravou algumas cenas no Googleplex, sede do Google na Califórnia.
Fugindo um pouco destes aspectos curiosos e focando mais no filme em si, Vince Vaughn e Owen Wilson pouco inovam em suas atuações, assim como em “Penetras Bons de Bico”, os dois tem as mesmas posturas, o que inclusive me levou a pesquisar se os personagens eram os mesmos, devido a semelhança de ações e atuação. E não, os personagens são outros, o que me decepcionou justamente por não ter nada de novo aí.
Em termos de estrutura de história o filme é muito clichê. Dois homens inseridos em um ambiente que não conhecem e precisando do trabalho. Criam inimigos, fazem amigos nerds e solitários, e acabam mostrando que a vida não é só tecnologia e informática, mas que há um mundo aí fora para ser explorado também.
No sentido de mensagem a ser passada, o filme ganha pontos, pois provoca um pouco a juventude de hoje de duas maneiras, a primeira é aguçando a curiosidade de todos para verem como é o Google como empresa, e a outra é inserindo dois personagens engraçados e deslocados, a provocar nos jovens essa visão de “larguem os celulares e olhem o mundo também!”. Ou seja, é um filme que tem uma mensagem positiva e light.
“Os Estagiários” não precisa ser ser um filme filosófico, nem reflexivo, pois é um filme que foca em mostrar a empresa e tudo que ela é. Porém a estrutura da narrativa me deixou bem insatisfeito, pois como eu falei, é clichê demais! Nos 15 primeiros minutos do filme, quando eles são mandados embora de seus empregos, nós já vemos que eles entrarão na empresa, ralarão, passarão mensagens positivas, crescerão como seres-humanos, e serão felizes para sempre! Sim, tudo isso você já percebe nos 15 primeiros minutos. Ou seja, o fator, curiosidade fica muito focado na empresa em si, nas curiosidades que ela tem como instituição de trabalho. Como por exemplo quando Billy (Vince Vaughn) vai pegar um café e descobre que é tudo de graça! Pães, manteiga, salada de fruta, café, etc… Outra cena que ilustra bem esse foco na empresa é quando Nick (Owen Wilson) esta atras da Dana Sims (Rose Byrne), uma mulher que trabalha muito e ele começa a falar com ela na “sala da soneca”. Ou seja, o filme é sim um apanhado de “carícias” ao Google.
Resumindo “Os Estagiários” não é um filme inovador como a empresa Google mereceria, muito pelo contrário, o filme entrou em um clichê enorme e com isso traz poucas ideias novas para sua estrutura. Assistir a “Os Estagiários” é chover no molhado, e o único ponto que chama mais a atenção é justamente a estrutura da empresa que é real.