Cineastas independentes criticam gestão de Margareth Menezes e cobram mudanças no audiovisual
A relação entre a ministra da Cultura, Margareth Menezes, e o setor cinematográfico brasileiro tem enfrentado novas críticas por parte de cineastas independentes. A Associação Brasileira de Cineastas Independentes (Abraci), que representa mais de 70 produtoras cariocas, manifestou insatisfação com as recentes declarações da ministra sobre políticas de apoio ao cinema nacional.
Em entrevista à “Folha de S. Paulo” no último dia 15, Margareth Menezes afirmou que o Ministério da Cultura está iniciando uma linha especial de editais voltada para grandes produtoras, visando equilibrar as críticas recebidas. Ela enfatizou: “Nós não estamos tirando de um lugar para fazer outro. É importante que as críticas cheguem.”
A Abraci, no entanto, considera que essa iniciativa contraria as necessidades do cinema independente. Em nota encaminhada à coluna de Ancelmo Gois, a associação destacou que, ao anunciar editais voltados para grandes empresas como forma de reduzir críticas, a ministra obteve o efeito contrário. A Abraci, historicamente favorável às cotas, também assinou a crítica à atual política cinematográfica, argumentando que esta estaria prejudicando o cinema brasileiro.
Os cineastas independentes ressaltam que pequenas e médias produtoras do Rio de Janeiro e São Paulo sustentam o mercado desde os anos 1970, empregando centenas de trabalhadores e produzindo dezenas de filmes anualmente. Eles alertam que a falta de apoio adequado pode resultar na perda de anos de conhecimento e especialização acumulados no setor.
Além disso, a ministra Margareth Menezes tem buscado apoio de artistas e autoridades para assegurar o orçamento da cultura e implementar a taxação de serviços de streaming. Em jantar oferecido pela atriz Glória Pires e seu marido, Orlando Morais, a ministra solicitou auxílio para enfrentar o lobby de grandes plataformas digitais contrárias à taxação de 6% dos serviços de streaming, recursos que seriam investidos em projetos do audiovisual.
As divergências entre a gestão atual do Ministério da Cultura e os cineastas independentes evidenciam os desafios na formulação de políticas públicas que equilibrem o apoio às grandes produtoras e o fortalecimento do cinema independente, essencial para a diversidade e riqueza cultural do país.