Crítica: Oeste Outra Vez – 48ª Mostra de São Paulo - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
Críticas

Crítica: Oeste Outra Vez – 48ª Mostra de São Paulo

Ficha técnica – Oeste Outra Vez
Direção: Erico Rassi
Roteiro: Erico Rassi
Nacionalidade e Lançamento: Brasil, 2025
Sinopse: Dois homens entram em conflito no interior do Goiás por uma disputa amorosa e acabam levando a uma guerra entre matadores.

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O estudo de masculinidade acaba sendo o grande protagonista de Oeste Outra Vez na sua dissecação do comportamento de “homem fazendo homice”. A triste e fascinante captura dos “homens sendo homens”. Esse comportamento destrutivo, frágil, introspectivo, agressivo e secamente engraçado na sua cordialidade nesse contrastante em suas trocas de falas e como um bando de homens fracassados (que nem consegue atirar direto e que precisam da proximidade para matarem o inimigo da maneira mais crua possível), violentos e de poucas palavras não sabem lidar com os seus sentimentos e com um feminino que aparece uma única vez desaparece na estrada empoeirada de costas logo no começo num plano de uma mulher deixando tudo isso pra trás de costas como se estivesse falando: “dane–se esse mundo”, o que faz esses homens se isolarem ainda mais. 

E justamente por não saberem lidar com isso eles respondem esses sentimentos só com a violência, com a brutalidade, com a autolamentação depressiva, só trocando uns com os outros e só soltando as suas alegrias quando estão jogando bilhar de forma intensa ao som de alguma música brega (maravilhosamente bem usadas pra compor esse mundinho particular) e rodeados por essas muitas saudades do que eles não valorizaram. Ao assistir esse filme me peguei pensando em muitas coisas: Cormac McCarthy, Clint Eastwood, Monte Hellmann, Guimarães Rosa e Rubem Fonseca.

Toda a criação de universo visual do Erico Rassi pelo paisagismo, os planos gerais, super abertos, a luz dourada, a escuridão que persiste por todos os cantos e de como isso se soma com a movimentação de câmera (com travellings pra desbravar os espaços do cenários e zoons-in pra marcar os momentos de humor) enfatizando ainda mais essa localidade depressiva do seu “faroeste da sofrência”, que meio que é o que esse filme acaba sendo. Os atores compõem esse universo específico de dor, melancolia, secura cômica e violência muito bem com Angelo Antonio tendo a melhor “cara de perdedor” do audiovisual brasileiro na sua passividade e intensidade internalizada ou a espontaneidade cômica de um Rodger Rogério.

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