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Crítica: Um Lugar Silencioso: Dia Um

Um Lugar Silencioso: Dia Um
Direção: Michael Sarnoski
Roteiro: Michael Sarnoski, John Krasinski, Bryan Woods
Nacionalidade e Lançamento: Estados Unidos, 2024 (27 de junho no Brasil)
Sinopse: Sam e Eric vêem suas vidas se transformando com a chegada de alienígenas na cidade – o aterrorizante primeiro dia da invasão que silenciou o mundo.
Elenco: Lupita Nyong’o, Joseph Quinn, Alex Wolff, Djimon Hounsou.

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Um dos principais trunfos do primeiro filme da série Um Lugar Silencioso, estrelado por John Krasinski e Emily Blunt, estava em esconder a imagem dos monstros misteriosos que atacavam tudo que emitia som. Assim como no clássico Tubarão e em tantos outros filmes que repetiriam a estratégia, o medo vem especialmente daquilo que não conseguimos ver: nada é mais amedrontador que a imaginação humana.

Como a estratégia é impossível de se manter em qualquer sequência, já se esperava menos desse trunfo no segundo filme, e muito menos neste terceiro longa, prequel que também funciona como abertura definitiva para uma franquia que pode ganhar tantas continuações quanto possível, desde que tragam retorno financeiro aos produtores.

E se muitos esperavam que “Um Lugar Silencioso: Dia Um” fosse apenas um filme de ação genérico com pessoas sendo obrigadas a fazer silêncio, é uma surpresa que o filme estrelado por Lupita Nyong’o e Joseph Quinn traga uma proposta de trama que continua indo além das perseguições de boca calada.

Acompanhamos a poeta Samira, que está triste e descontente na instituição de acolhimento em que vive enquanto luta contra um câncer. Sua única paixão, além do gato Frodo, parece ser pizza.

Assim, acompanhamos a personagem sobrevivendo aos horrores da invasão dos monstros enquanto perde um grande amigo (Alex Wolff, irreconhecível). Aqui, vale ressaltar a potência de atuação de Lupita, o que não é surpresa nenhuma depois de filmes como Nós e o divertido Pequenos Monstros, mas que é fundamental para o espectador ficar mais aflito diante das sequências.

E se Joseph Quinn se aproveita do carisma para nos fazer compreendê-lo sem que muito seja mostrado sobre seu passado, o diretor Michael Sarnoski se mostra bastante competente na movimentação da câmera, que revela a presença das criaturas em momentos certos, e ainda se utiliza do mesmo movimento para brincar com o espectador antes de revelar uma presença que não é ameaçadora. Vale destacar, também, as cenas de ação nas ruas da cidade, que demonstram uma ótima capacidade de localização espacial de Sarnoski, já que nunca deixam de lado as tomadas amplas e o cuidado com os cortes entre as cenas.

Quando vi os primeiros teasers divulgando “Um Lugar Silencioso: Dia Um”, um dos pensamentos que tive foi: “pra quê?”. Afinal, as tramas anteriores da franquia não “pediam” por explicações sobre a origem ou chegada deles na Terra. Mas o filme nos prova que boas histórias são sempre bem-vindas, não importa de onde vêm.

A presença de Djimon Hounsou certamente será o elo a conectar esta história com a trama iniciada nos dois primeiros filmes, ainda que isso não seja obrigatório. Tudo depende de como os produtores e roteiristas vão querer unir o todo. O segredo, ao meu ver, é continuar na busca de ir além da ação e discutir temas que envolvam a vida dos personagens no âmbito mais íntimo.

No fim das contas, o filme discute temas que envolvem o instinto humano de se proteger nas situações mais adversas, e a forma de lidar com a morte e a perda. E não tem como tratar da morte sem falar da vida.

O mais belo em “Um Lugar Silencioso: Dia Um” são essas antíteses: silêncio e som, morte e vida, tristeza e pizza.

  • Nota
3

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