“Greice”, “Tijolo por Tijolo”e “Praia Formosa” são os grandes vencedores do 13º Olhar de Cinema
Na noite desta quarta-feira (19), ocorreu a cerimônia de premiação do 13º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, ocupando a Capela Santa Maria, um dos espaços culturais mais apreciados da capital paranaense.
Por mais um ano, o evento bateu recorde de público com sessões esgotadas, sendo marcado por estreias mundiais e nacionais, com a exibição de produções de todo o mundo e promovendo a democratização do acesso à sétima arte.
Na Mostra Competitiva Brasileira, o filme “Greice”, do diretor Leonardo Mouramateus, levou o Prêmio Olhar de Melhor Longa-Metragem. A produção trata com notável leveza de temas complexos ao redor das identidades e, em especial, das relações sociais e de gênero. “Greice” também ganhou os prêmios de Melhor Roteiro (Leonardo Mouramateus) e Melhor Atuação (Amandyra).
O Prêmio de Melhor Direção foi para “Tijolo por Tijolo”, de Victoria Alvares e Quentin Delaroche. O longa aborda temas relevantes ao Brasil de hoje, como maternidade, empreendedorismo, direitos reprodutivos e moradia, ressaltando o protagonismo coletivo que torna possível erguer as paredes de um lar dia após dia. A produção também levou o Prêmio de Melhor Montagem (Quentin Delaroche).
Ainda entre os longas brasileiros, “Praia Formosa”, de Julia De Simone, foi premiado com Melhor Direção de Arte (Ana Paula Cardoso) e Melhor Direção de Fotografia (Flávio Rebouças). O filme vagueia por encontros entre personagens e paisagens que reforçam, tanto a permanência cruel das raízes coloniais brasileiras, quanto a resiliência e os laços formados pela população afro-brasileira, com atenção especial às mulheres.
O ganhador do prêmio Melhor Som foi “A Mensageira” (Lucas Carvalho, Ana Penna, Vinícius Barreto e David Terra). O longa de Cláudio Marques acompanha a protagonista em uma jornada pelas engrenagens do sistema da justiça, assim como por suas origens.
Já os curtas ganhadores da Mostra Competitiva Brasileira foram “Caravana da Coragem”, de Pedro B. Garcia, com o Prêmio Olhar de Melhor Curta-Metragem, em que o filme percorre a cidade do Distrito Federal, rabiscando as imagens enquanto o áudio ecoa, misturando-se ao ensaio de vida e à movimentação; e “Povo do Coração da Terra”, do Coletivo Guahu’i Guyra, com o Prêmio Especial do Júri. A produção combina cenas de enfrentamento com a própria luta pelo direito ao cotidiano, à reza, ao plantio e à meditação, montando suas imagens como um ritual de reverência aos seus.
Os jurados convidados para avaliar os longas e curtas-metragens da Competitiva Brasileira, assim como o curta internacional, foram o roteirista Bruno Ribeiro, um dos responsáveis pela série “Os Outros”, da Globoplay; o ator, diretor e produtor carioca Johnny Massaro; o programador de festivais e pesquisador Edvinas Puksta, que é membro da Academia de Cinema Europeu; a mestre em cinema Maria Campaña Ramia, que atua como programadora no Festival Internacional de Documentários de Amsterdã; e Paola Buontempo, programadora do Festival de Cinema de Mar del Plata e graduada em Artes Visuais pela Universidade Nacional de La Plata, História da Arte (FDA – UNLP).
Na Mostra Competitiva Internacional, o Prêmio Olhar de Melhor Longa-Metragem foi para “Pepe”, de Nelson Carlos De Los Santos Arias, em que o diretor apresenta, com senso de humor e inventividade apurados, um filme que se reinventa a todo instante entre dispositivos, abordagens, relatos e memórias de África às Américas. “As Noites Ainda Cheiram a Pólvora”, de Inadelso Cossa, levou o Prêmio Especial do Júri. No filme, o cineasta confronta as memórias desbotadas de sua família e de seu país, investigando as fotografias e revirando o passado em busca de ouvir os fantasmas de outros tempos.
Ainda dentro da Competitiva Internacional, o Prêmio Olhar de Melhor Curta-Metragem foi para “Minha Pátria”, animação de Tabarak Abbas, inspirado na história dos pais do diretor para criar um universo distópico durante a guerra de Bagdá. Os jurados dos longas da Competitiva Internacional convidados foram o pesquisador, artista e mestre em roteiro de cinema Fábio Andrade; a historiadora, crítica de cinema e programadora de mostras e festivais, Lorenna Rocha; e a diretora, roteirista e bacharel em cinema e vídeo Nathália Tereza. A equipe do júri desta categoria também elegeu o Prêmio Olhar de Melhor Longa-Metragem da Mostra Novos Olhares, que contemplou “Idade da Pedra”, de Renan Rovida, que navega entre a dureza da vida e a beleza dos afetos em uma experiência radical pela metrópole de concreto, lixo e gente.
Na Mostra Mirada Paranaense, que promove produções de cineastas do Paraná, o Prêmio AVEC-PR Ari Cândido Fernandes (Associação de Vídeo e Cinema do Paraná) de Melhor Filme foi para “Quarto Vazio”, da cineasta Julia Vidal, uma produção que gira em torno de um forte trauma enfrentado pela protagonista, que mesmo amparada por pessoas a sua volta, não consegue enfrentar o que a paralisa.
Menção Honrosa para o curta paranaense “BAOBAB”, de Bea Gerolin, que conta a história dos ancestrais da matriarca Cícera, que ensina sobre as raízes para sua neta em um trabalho escolar sobre a árvore genealógica de sua família. As produções contempladas foram escolhidas pelo júri formado por Débora Butruce, curadora, produtora cultural e preservadora audiovisual; Fernando Seliprandy, autor e historiador; e Flavio Rocha, pesquisador de cinema, historiador e documentarista.
Já o Prêmio Abraccine, concedido pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema, de Melhor Longa-Metragem foi para “Tijolo por Tijolo”, de Victoria Alvares e Quentin Delaroche, e o de Melhor Curta-Metragem para “Cavaram uma Cova no Meu Coração”, de Ulisses Arthur. Os jurados da associação convidados para este ano foram o autor e jornalista Marden Machado; a professora, pesquisadora e crítica de cinema, Maria Caú; e o jornalista e apresentador Cristiano Castilho.
O público também teve participação fundamental no 13º Olhar de Cinema, votando para Melhor Longa-Metragem no filme “Caminhos Cruzados”, de Levan Akin, um drama poderoso sobre encontros e desencontros; e o Melhor Curta-Metragem para “Viventes”, de Fabrício Basílio, sobre um jovem desempregado que tem uma entrevista de emprego para fazer.
A 13ª edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba é realizada por meio do programa de apoio e incentivo à cultura – Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba, sendo também o projeto aprovado pela Secretaria de Estado da Cultura – Governo do Paraná, com recursos da Lei Paulo Gustavo, e pelo Ministério da Cultura – Governo Federal, com patrocínio do Itaú e Peróxidos Brasil, apoio do Instituto de Oncologia do Paraná, Sanepar, Cimento Itambé, Favretto Mídia Exterior, e apoio cultural de Projeto Paradiso, Cine Passeio, Instituto Curitiba de Arte e Cultura. Verifique a classificação indicativa de cada filme e sessões com acessibilidade de audiodescrição.