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Crítica: Vidas Passadas

Ficha Técnica – Vidas Passadas
Direção: Celine Song
Roteiro: Celine Song
Elenco: Greta Lee, Teo Yoo, John Magaro, Moon Seung-ah.
Sinopse: Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo) são dois amigos de infância com uma conexão profunda, mas que acabam se separando quando a família de Nora decide sair da Coreia do Sul e se mudar para Toronto. Vinte anos depois, os dois amigos se reencontram em Nova York e vivenciam uma semana fatídica enquanto confrontam as noções de destino, amor e as escolhas que compõem uma vida.

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Ao sair da sessão de Vidas Passadas eu me perguntava quantas vidas nós somos capazes de viver. São muitas as escolhas que fazemos durante nossa trajetória e cada caminho que decidimos seguir é um abandono de uma possibilidade. Também são tantas pessoas que cruzam o nosso caminho e nos marcam de alguma forma. E nos modificamos por conta dessas conexões. 

Vidas Passadas é um filme que parte de uma premissa simples, mas que tem tudo a ver com isso, mostrando 12 anos do relacionamento de Nora e Hae Sung, dois amigos de infância que se separam quando ela sai da Coreia com os pais e a irmã e se muda para o Canadá. Anos depois, ela já morando em Nova York, eles se reencontram na internet e a amizade volta. E sentimentos adormecidos voltam a surgir. 

O longa de estreia de Celine Song poderia cair nos clichês sobre amor romântico que são tão comuns dentro do cinema, mas a cineasta ancora sua trama em uma lógica mais próxima da realidade que muitos filmes hollywoodianos. Faz sentido, já que ela está contando algo que viveu. Inclusive ela teve a ideia do roteiro sentada no bar junto com seu marido e seu namoradinho de infância. E talvez por isso Vidas Passadas seja tão fácil de se identificar. Porque depois de uma certa idade todo mundo tem algo na vida que já parou para perguntar “e se…”. 

Em um momento da trama a mãe da protagonista diz que “quando a gente abandona uma coisa, acaba ganhando outra”. E o filme traz isso para a vida de Nora. Ela deixou seu país, abriu mão do seu sentimento por Hae Sung, mas encontrou outras coisas, outros tipo de identidade, outro tipo de amor. Aqui, o conceito de alma-gêmea tão vendido por aí, dá lugar a uma discussão sobre as escolhas, os caminhos que seguimos e como o amor é um sentimento mais cheio de nuances do que a forma que a mídia tende a tratar. 

Relacionamentos são mais complexos do que o ideal de amor romântico que a nossa sociedade capitalista criou. No longa, a cineasta é capaz de mostrar isso. As formas de amar são variadas, os amores são distintos e possuem contextos próprios. Existem histórias que nasceram pra durar muito tempo, outras não. E não é porque um relacionamento é pé no chão que ele é ruim. Às vezes é o contrário. 

Vidas Passadas mostra tudo isso através da relação dos personagens com o entorno. E diz muito nos momentos em que ninguém está falando. Um excelente trabalho de estreia.

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