Crítica: Folhas de Outono – 47ª Mostra de São Paulo
Folhas de Outono
Direção: Aki Kaurismäki
Roteiro: Aki Kaurismäki
Elenco: Alma Pöysti, Jussi Vatanen, Janne Hyytiäinen, Nuppu Koivu.
Sinopse: O amor de dois solitários finlandeses num mundo amargo entre encontros e desencontros leva que eles a encontrar a doçura das suas existências irônicas.
Acompanhe a Mostra de São Paulo
A beleza que Aki Kaurismäki encontra em “Folhas de Outono” está no filme na mesma medida que ele é engraçado. As cores, os figurinos e uma direção de arte criam um estilo berrante. Do outro lado, temos uma caracterização estoica, dura, gélida e uma câmera estática.
Essas duas vertentes do filme se contrastam e se unem para chegar no sentimentalismo e graça de uma comédia romântica da união marcada por uma série de encontros e desencontros de um casal da classe trabalhadora, de operários, dois solitários lidando com o vazio existencial das suas existências e com a frieza caótica de um mundo trágico ao seu redor.
É desse tom tão específico, do sarcasmo seco das interações de todos, que vai surgindo um amor tão doce, tão delicado, tão pulsante, construído com tanta calma, que mexe com essa caracterização dos personagens, que os muda e com uma ideia de melodrama romântico pra juntar essas duas figuras extremamente bem desenvolvidas, bem interpretadas, que são rodeadas pelo cinema como referência sempre presente na narrativa – tanto como fruto de uma representação do romantismo e como tiração de sarro – e por diálogos incríveis e engraçadíssimos.
Para Kaurismäki, ao conseguir criar um tipo tão específico e rico de “feel good movie”, o mundo pode ser um lugar cruel, triste, duro e frio, mas as pessoas que encontramos nele o fazem suportável e melhor. Tornando a nossa existência confortável e doce.