PSICOCINE – Slow Burn
Olá, meus queridões e queridonas.
Doutor Sorc voltou e voltou com os primeiros medicamentos para o nosso tratamento!
O TCC é coisa séria e, se você ainda não sabe bem o que é, aqui está o link de onde falo um pouco mais sobre isso.
Hoje começamos o tratamento e o medicamento que trago é o Slow Burn.
Sabe que tipo de subsegmento cinematográfico é este? Não?
Relaxa e seja paciente, eu explico:
O “Slow Burn” é caracterizado por uma narrativa que se desenvolve de maneira gradual e deliberada, focando na construção sutil e crescente da tensão ao longo da trama. A expressão Slow Burn pode ser traduzida como “queima lenta”, uma alusão à abordagem cuidadosa e meticulosa na construção da atmosfera emocional e psicológica do enredo.
Dentro do contexto cinematográfico, o Slow Burn se distingue por evitar as abordagens mais diretas e imediatas de suspense ou ação. Em vez disso, ele se concentra em mergulhar profundamente na psicologia dos personagens, na construção de suas relações interpessoais e nas sutilezas que permeiam suas interações. Esse estilo cinematográfico muitas vezes emprega uma cinematografia contemplativa, com cenas mais longas, diálogos introspectivos e uma trilha sonora que amplifica a sensação de iminência. O objetivo primordial do Slow Burn é manter o espectador engajado através do crescimento gradual da tensão emocional, em vez de depender de reviravoltas impactantes ou cenas de ação intensas. Esse subgênero busca instilar um senso de desconforto e expectativa no público, que é mantido em constante estado de antecipação à medida que a trama se desenrola. Consequentemente, os momentos de clímax tendem a ser mais impactantes, uma vez que foram cuidadosamente construídos e aguardados.
Em termos de influências, o Slow Burn compartilha semelhanças com a tradição literária de autores como Henry James e Edgar Allan Poe, que exploraram a tensão psicológica e o horror sugerido, em detrimento do horror explícito. No cinema, este estilo teve sua origem na década de 1940 com filmes como Pacto de Sangue (Double Indemnity – 1944) e mais recentemente ganhou notoriedade com produções como Zodíaco (Zodiac – 2007) e Onde os Fracos Não têm Vez (No Country for Old Men – 2007).
Portanto, o Slow Burn representa uma abordagem refinada e meticulosa para contar histórias, enfocando o desenvolvimento psicológico dos personagens e a progressão gradual da tensão narrativa, que culmina em momentos de clímax emocional e intelectualmente impactantes e tanto pode, quanto deve fazer bem a pessoas com TCC. Tenho aqui uma receita com 3 obras:
A ESCADA (The Staircase – 2022)
Plataforma: HBO Max
Nº de Episódios: 8
Elenco: Colin Firth, Toni Collette, Sophie Turner, Dane Dehaan, Juliette Binoche, entre outros.
Nessa indicação medicamentosa, temos atuações primorosas de Firth e Collette em uma situação atípica e que nos prende do começo ao fim. Tem sim a sua barriguinha sim, no qual poderia ter sido enxugada e uma Sophie Turner que não fede e nem cheira que poderia trazer mais expressão para a obra.
Com direito a Alford Plea e boas surpresas para quem nunca ouviu falar do caso real, A ESCADA é ótimo para você subir o patamar do que vem assistindo e descer o seu TCC.
Tomar no máximo em 2 dias
Dois episódios de 12 em 12 horas Perfeito para um fim de semana.
AMOR E MORTE (Love & Death – 2023)
Plataforma: HBO Max
Nº de Episódios: 7
Elenco: Elizabeth Olsen, Jesse Plemons, Lily Rabe, Patrick Fugit, Krysten Ritter, Tom Pelphrey, entre outros.
Mais uma indicação baseada em fatos reais e neste caso, sabendo ou não do contexto ou do caso em si, a minissérie é muito bem feita e traz o quesito slow burn bem… slow, mas falando de uma forma positiva. O que acontece no penúltimo episódio é extremamente bem feito e realça o trabalho de todo o elenco que topou representar e apresentar tal drama.
Da trinca de indicações, este é o que possui a cena de violência com maior dosagem de miligramas, o que pode afetar estômagos fracos, porém, para os amantes de cenas de júri, também é o que possui o melhor debate dos três. AMOR E MORTE pode parecer interessante em um primeiro momento, ficar monótono que nem a vida sexual da protagonista no começo da série e depois te pegar de jeito na curva e entrar pro seu TCC.
Tomar em uma única vez
Uma pequena maratona surte mais efeito Perfeito para um domingo tranquilo.
ENTRE ESTRANHOS (Crowded Room – 2023)
Plataforma: AppleTV
Nº de Episódios: 7
Elenco: Tom Holland, Amanda Seyfried, Emmy Rossum, Will Chase, Sasha Lane, Lior Raz, entre outros.
Temos aqui um remédio mais forte no quesito fármacos, ou seja, mais camadas e ingredientes. Desenvolvido pelo ganhador do Oscar, Akiva Goldsman, temos um Holland mostrando todo o seu potencial como ator, superando e surpreendendo todos aqueles que diziam que Tom era o pior ator a interpretar o Aranha nos cinemas.
Mais uma história real com crimes e boas cenas de júri, mas aqui com mais filosofia, poesia e, é claro, psicologia. ENTRE ESTRANHOS é um baita suspense a nível de True Detective, mas com outro tom e pode vir a se tornar o melhor trabalho já executado por Holland e até a sem graça da Seyfried consegue se manter bem no papel, mas que, de fato, todo elenco é engolido pelo menino e com certeza vai encher sua boca de argumentos na próxima vez que estiver em uma mesa de bar e sentir o seu TCC estranhar.
Tomar uma vez ao dia por 10 dias
Uma episódio de cada vez vai tornar tudo mais gostoso
Perfeito para assistir com alguém e bolar teorias sobre a sua resolução
**OBSERVAÇÃO IMPORTANTE**
EVITE OBRAS GENÉRICAS COMO OS DA IMAGEM A SEGUIR: