“Seus Ossos e Seus Olhos” estreia hoje em seis cidades
Após concorrer ao Urso de Ouro na Competição Oficial do Festival de Berlim com o longa “Todos os Mortos“, em 2020, Caetano Gotardo, premiado diretor de filmes como “O Que Se Move” e o curta “Areia”, apresenta sua nova obra: Seus Ossos e Seus Olhos. Com produção da Lira Cinematográfica e distribuição da Descoloniza Filmes, o filme estreia nesta quinta-feira, 22 de junho, nas seguintes praças: São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus, Niterói, Palmas e Ribeirão Preto.
Seus Ossos e Seus Olhos também contará com sessões de estreia com a presença de equipe e elenco em três cidades: dia 22/6, quinta-feira, às 21h10, em Sâo Paulo (no Espaço Itaú de Cinema Frei Caneca); dia 23/6, sexta-feira, às 21h, no Rio de Janeiro (no Espaço Itaú de Cinema Botafogo); e dia 24/6, sábado, às 20h40, e em Niterói (no Reserva Cultural).
A ideia para o longa surgiu em 2009, enquanto Caetano finalizava o curta “O Menino Japonês”. Na sala de mixagem, o diretor e roteirista fez uma anotação sobre o deslocamento entre som e imagem e a possível relação disso com a memória. Essa seria a gênese do futuro longa sobre um jovem cineasta, interpretado pelo próprio Gotardo, que vivencia diversos encontros com amigos, amigas e desconhecidos – e essas interações acabam transformando sua vida e seu processo criativo.
“A mim, interessavam pequenas questões do cotidiano em torno de personagens que lidavam com processos de criação e que se encontravam, tentavam se comunicar, falavam, ouviam, estabeleciam reais trocas afetivas, observavam, se movimentavam, vivenciavam alguns aspectos da cidade de São Paulo, falhavam, mostravam fraquezas, mas também se mantinham em busca da construção de algo”, diz o diretor, que também assina a montagem do filme.
Depois de quase uma década entre pesquisas, anotações e experimentos em vídeo (e também com a realização de vários outros projetos no caminho), o roteiro de Seus Ossos e Seus Olhos tomou forma em apenas três dias, e foi filmado poucas semanas depois em apenas oito diárias, com uma equipe de seis pessoas, além do elenco.
“A Lara Lima, que produziu o filme, se juntou ao projeto anos antes e acompanhou uma parte significativa do processo. O longa só aconteceu de fato por causa dela, que, além de ser uma interlocutora criativa muito importante, propôs e construiu o método de produção com pouquíssimo dinheiro que foi o que utilizamos e que tornou a realização possível da maneira como a queríamos fazer”, explica o cineasta. Protagonizar o longa, para Gotardo, está ligado a uma pesquisa que parte de impulsos seus como roteirista, diretor e ator na mesma medida. São coisas totalmente ligadas desde a origem do projeto. “Neste filme, há ainda uma pesquisa em torno do movimento que é muito central, que atravessa o filme inteiro – e isso também estava presente desde o início, conversando com pesquisas que faço em torno da dança.”
O filme também inclui nomes como Malu Galli, Vinícius Meloni, Carlos Escher, Larissa Siqueira e Carlota Joaquina. No filme, a comunicação ou ausência desta entre os personagens é uma questão bastante importante, assim como o exercício de falar e de ouvir ativamente. “O encontro nem sempre se dá, mesmo quando duas pessoas estão juntas no mesmo espaço conversando. E, quando se dá, tem uma força evidente. De qualquer maneira, cada uma das pessoas envolvidas percebe aquele encontro de uma forma diferente – e, na memória, o momento ganhará ainda outras camadas de incerteza e de invenção. Me interessava trabalhar isso também no filme. O campo instável das percepções subjetivas“, explica Gotardo.