Crítica: Neirud (Olhar de Cinema)
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Crítica: Neirud (Olhar de Cinema)

Ficha técnica – Neirud
Direção: Fernanda Faya
Montagem: Yuri Amaral.
Nacionalidade e Lançamento: Brasil, 2023 (Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba)
Sinopse: Tia Neirud estava sempre presente nas reuniões da família. Neirud era grande, forte e trabalhava no circo. Quem foi esta mulher tão próxima da família e sobre quem tão pouco se sabe? É esta pergunta que move a diretora Fernanda Faya na investigação deste documentário de sutis traços performáticos. O caráter intrinsecamente transgressor da personagem determina a escassez de informações que é motor do gesto documental.

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Documentários em primeira pessoa têm se tornado bastante comuns no cenário brasileiro. Narrativas íntimas onde o diretor faz questão de se colocar sem medo, tornando-se personagem da própria obra. E Neirud é um desses relatos, onde a diretora tem como proposta investigar a história da sua tia negra que durante anos foi artista circense e que sempre acompanhava a sua avó. Só que apesar de muito presente na vida de Fernanda Faya, ela notou que nunca soube muito da vida dessa mulher e como ela, que não tinha laços sanguíneos com a família, havia se tornado parte daquele núcleo. 

Com uma narração constante que pouco permite ao público tirar as próprias conclusões, o longa diz exatamente o que e como pensar. E apesar de bem intencionado, o filme mostra quase nada da personagem que deveria ser a protagonista da história. 

Ao início da projeção é proposta uma investigação sobre a vida de Neirud, mas ao final do longa poucas são as descobertas. Fernanda tenta criar mistérios que não se sustentam e que estão claros ao público desde o começo. E tudo bem tentar investigar a vida de uma pessoa e se deparar com poucas informações, mas o filme não consegue construir algo sólido nem do próprio vazio de informações. 

Fernanda se repete o tempo inteiro dizendo sobre a importância de Neirud em sua vida, mas pouco mostra ao público as razões dessa personagem ter impactado tanto a sua história. Fala muito de como Neirud era a figura negra dentro de uma família branca, mas apesar de consciente da questão racial pouco se aprofunda nela. Também não se aprofunda nas questões relacionadas à religião e à sexualidade. 

Neirud era uma mulher negra, da comunidade LGBT+, que fugiu de casa aos 8 anos e que virou evangélica ao final da vida. Só com essas informações a diretora poderia construir uma história incrível. A partir desses dados ela já teria muito o que falar, mas ela não se aprofunda em nada disso. 

É um filme com potencial de uma narrativa muito interessante, mas que fica sempre na superficialidade. E é muito frustrante assistir algo que promete algo que nunca cumpre. Teria sido ótimo ver uma história mais aprofundada de Neirud.

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