Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo e Red: Crescer é uma Fera têm muito mais em comum do que você imagina
Dois filmes indicados ao Oscar, e um ganhador de Melhor Filme, que abordam a cultura chinesa e trazem uma narrativa muito semelhante sobre relações entre mães e filhas. Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo e Red: Crescer é uma Fera conseguem emocionar de maneira divertida com referências à cultura chinesa, mas contêm narrativas muito mais semelhantes do que você imagina.
Não é só a cultura chinesa em questão, que vem conquistando um grande espaço na indústria cinematográfica por suas particularidades – que vão desde as cores vibrantes à estética com elementos orientais. Os dois filmes abordam algo maior na relação entre pais e filhos, mais especificamente sobre o amor conturbado de mãe e filha.
Em Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, seguimos a história da imigrante chinesa Evelyn Wang, que além de empreender uma lavanderia, também é uma mãe extremamente controladora, o que cria uma relação não saudável com sua jovem filha que procura independência. Já em Red: Crescer é uma Fera, o mesmo enredo se constrói, apenas com a diferença que a mãe da jovem Mei Lee empreende um templo chinês de seus ancestrais.
Ambas as mães, retratadas nos longas, representam todas as dificuldades na aceitação das particularidades de suas filhas, que necessitam de espaço para o crescimento pessoal diante do mundo que as espera fora dos braços maternos.
Em um dos filmes, uma filha exige uma compreensão de sua mãe sobre sua orientação sexual e seu estilo de lidar com os desafios da vida adulta, enquanto outra está passando pela puberdade e necessita criar a sua própria identidade como adolescente. Entretanto, ambas têm algo em comum: além das mães super-protetoras e controladoras, elas entendem que deixar certos costumes para trás é necessário para que possam construir suas próprias histórias.
Não só isso: as duas mães em questão contêm um histórico familiar em que o amor é refletido pelo controle total sobre os seus atos, o que implica em uma reprodução dessa maneira de cuidado para suas filhas, que agora, em outra época e momentos de vida, necessitam de uma mudança nesse padrão de criação.
Logo, o entendimento entre as mães nos longas se iguala quando percebem que deixar ir também é uma forma de amar. Além das dificuldades que precisam superar para modificar a visão criada de seus ancestrais em relação a criação, o que muitas vezes implica em visualizar os próprios monstros interiores que acreditavam estar adormecidos.
Mas e você, já amou tanto, tanto alguém, ao ponto de deixar essa pessoa seguir o seu próprio caminho?