Cinema: o que está por trás do gosto por filmes de terror
Gore ou Splatter? É cada vez maior o interesse pelo terror sangrento
O que se procura na hora de parar para assistir a um filme? Basicamente, podemos falar de entretenimento, aquele momento de se distrair com alguma história interessante. Mas o que determina o gênero escolhido pelo público? Em 2018, A ANCINE (Agência Nacional do Cinema) publicou um estudo mostrando que “aventura e animação” são os mais vistos nos cinemas do Brasil. Juntas, as categorias somam metade dos lucros nas bilheterias nacionais. A escolha do público é seguida de ação, comédia, documentário, drama e terror.
Apesar de ser a última opção na preferência dos brasileiros, inclusive em produções audiovisuais, o gênero terror teve destaque no país, principalmente nos anos 1960, com o cineasta José Mojica Marins, com o personagem Zé do Caixão e filmes como “À Meia-Noite Levarei Sua Alma”. Para a jornalista e fotógrafa Luciana Brasil, apaixonada por filmes de terror desde a infância, a sensação do medo, da expectativa e dos limites da crueldade humana despertam não só interesse como curiosidade. “Um dos últimos que assisti foi ‘Sorria’, um terror psicológico. Consumo muito (não sei direito por que), vou ao cinema, assisto no stream, vejo séries, podcast, tudo me interessa. Adoro ver o sangue jorrando.”
Mesmo dentro da ficção, o terror pode trazer reações de luta ou fuga bem reais. Especialistas afirmam que nem sempre o cérebro consegue diferenciar o fictício e o real, e isso ativa diretamente a adrenalina, substância que reage em nosso corpo em momentos de estresse e ansiedade.
Mas se engana quem pensa que terror é tudo igual. Existem vários subgêneros, e acredite: não são para todo mundo. Veja alguns deles:
Body Horror: destaca a deformação do corpo humano.
O Enigma do Outro Mundo (1982), Videodrome (1983), The Void (2016).
Found Footage: seria em português a ‘filmagem encontrada’. Traz a ideia do real, do modelo vídeo-documentário.
A Bruxa de Blair (1999), Atividade Paranormal (2007).
Psicológico: o roteiro segue perseguições mentais, paranoias e tensão.
Psicose (1960), A Orfã (2009), O Segredo da Cabana (2012).
Gore ou Splatter: pode ser confundido com o “body horror”, mas vai além. Mostram muita violência, sangue e torturas, com a ideia de causar perturbações e mal-estar. Muitas vezes, não seguem um roteiro.
Jogos Mortais (2005), O Albergue (2005).
Este último pode ser visto nos famosos filmes de Hitchcock ou Quentin Tarantino, como o recente “Era uma vez em Hollywood”. Mas, na década de 1980/1990, esse subgênero começou a ser explorado fora dos Estados Unidos. Sem muito apego a roteiros e com recursos infinitamente menores, títulos como “Holocausto Canibal” chegaram a executar animais durante as gravações.
Indo para trás das câmeras, é cada vez mais comum que os gêneros líderes de bilheteria queiram levar ao espectador a real ideia do poder de destruição. A utilização de réplicas ou simuladores de armas de fogo como uma munição airsoft ou de recursos “não convencionais” – facas, tesouras, machados, ganchos – auxilia em momentos tensos de perseguições ou de silêncio profundo, que só colaboram para bons jump scares.
Todo esse leque bem peculiar do mundo do terror (seja qual for o estilo) não só instiga a sensação de prazer, como alimenta a imaginação dos fãs, que podem preparar a pipoca, pois o retorno de grandes franquias como “Pânico” e “O Massacre da Serra Elétrica” promete fortes emoções ainda neste ano.