Crítica: Entre Rosas
Crítica do filme “Entre Rosas”: veja o trailer e saiba mais aqui.
Direção: Pierre Pinaud
Roteiro: Fadette Drouard, Blandine Jet, Philippe Le Guay, Pierre Pinaud, Sara Wikler.
Elenco: Catherine Frot, Manel Foulgoc, Fatsah Bouyahmed, Olivia Côte.
Sinopse: Eve Vernet foi a maior criadora de rosas. Hoje, está à beira da falência, prestes a ser comprada por um poderoso concorrente. Véra, sua fiel secretária, acha que encontrou uma solução ao contratar três presidiários que tentam se reinserir na sociedade, mas que não tem nenhum conhecimento de jardinagem. Enquanto quase tudo os separa, eles embarcam juntos em uma aventura singular para salvar a pequena fazenda.
.
Em menos de 10 minutos de narrativa, “Entre Rosas” deixa muito claro que a protagonista está vivendo uma crise em sua produção de flores. Já entendemos sua forma de agir, a forma como ela depositou suas esperanças em uma competição, o comportamento de sua funcionária… mas a praticidade do roteiro e da montagem acaba sacrificando a dramaticidade: nós sabemos dos dramas, mas não sentimos.
Preocupado em ter um tom de comédia, o filme de Pierre Pinaud parece ter receio de embarcar no drama, mas como sua história é recheada de diferentes questões dramáticas – especialmente de Eve (Catherine Frot) e Fred (Manel Foulgoc) –, a trama parece acelerada e focada apenas em registrar as sequências de acontecimentos.
“Entre Rosas” conta com atuações carismáticas: tanto Frot quanto Foulgoc conseguem demonstrar química na relação que seus personagens constroem, além de darem o peso que os personagens merecem: é uma pena, portanto, que não possamos sentir esse mesmo destaque por parte da montagem, que se apressa e tenta deixar tudo com um timing cômico – que também é alcançado poucas vezes com eficiência. E as histórias deles são verbalizadas, ganham alguns elementos, mas não se desenvolvem com a potência que poderiam (mais uma vez, por “medo” de desembocar no drama).
A temática das flores é bela e agradável, trazendo alguns momentos fofos e bonitinhos. Não que o embate entre as empresas familiares e as corporações traga novidades, mas ao menos faz sentido na proposta. A resolução, tão inocente e sonhadora quanto a tentativa da protagonista em ganhar o concurso em tais circunstâncias, repete um lugar-comum de tantos filmes sobre negócios à beira da falência (aquele de que a solução estava em olhar para dentro, não para fora, etc). Essas escolhas do roteiro, se não enriquecem “Entre Rosas”, ao menos são inofensivas – e incluo também a trama relacionada ao talento de Fred, que se coloca como algo muito providencial, com uma resolução tão óbvia quanto sem muita emoção.
Assim, o pouco aproveitamento do ambiente cativante, da beleza das rosas e da possibilidade de buscar olhos lacrimejantes no espectador fazem com que o filme fique em um limbo: não emociona muito nem diverte tanto, apenas passa como uma história palatável, porém inócua. Talvez uma simples revisão na pós-produção fosse suficiente: é na montagem, na trilha sonora e no tempo do filme que Pinaud poderia deixar “Entre Rosas” mais memorável.
Como está, o filme é como um buquê: bonito, mas que murcha em poucos dias. Flores na terra duram mais.