Precisamos falar sobre Queerbaiting
Nos últimos anos, é possível notar um aumento considerável em obras que trazem mais representatividade LGBTQIA+. Algumas delas retratam a vivência de lidar com o autoconhecimento, aceitação familiar e dificuldades que permeiam os integrantes dessa comunidade.
Outras, são taxadas como Queerbaiting, termo que ganhou muita popularidade e é uma maneira que as grandes produções encontraram de chamar mais público. Isso ocorre porque essas empresas acabam se aproveitando de uma causa necessária e frequentemente apagada dos conteúdos audiovisuais para vender seus produtos.
Para que fique claro, o queerbaiting é a ação de utilizar um artifício narrativo a fim de atrair a comunidade queer para consumir determinados produtos como filmes e séries.
Geralmente, é aproveitado uma suposição de que um personagem de destaque (no caso, o protagonista) tem uma relação homoafetiva com outro integrante do seu núcleo.
Porém, essa relação nunca é desenvolvida, muito menos confirmada pela própria trama. Esse tipo de ligação recebe bastante destaque em trailers, materiais promocionais e outros tipos de publicidades. Ou seja, o queerbaiting é mais comum do que parece.
Como o queerbaiting afeta a representatividade LGBTQIA+?
É importante destacar que esse tipo de “jogada de marketing” é feita apenas para que o público procure, comente e pesquise mais sobre a série ou filme. O caso mais famoso de queerbaiting escancarado aconteceu na série Sherlock.
Durante muitos momentos, o roteiro e toda a narrativa faz uma grande alusão ao romance entre Sherlock e Watson. Algo que foi utilizado como divulgação na quarta temporada da série.
No final das contas, o romance entre as personagens nunca se concretizou e a season em questão recebeu notas baixas quando comparada com as outras três temporadas.
O queerbaiting acaba por apagar a real necessidade de criar histórias assumidamente homoafetivas, já que o público se dá por contente por pequenas migalhas de representatividade. Pouco a pouco, esse tipo de narrativa apaga a comunidade LGBTQIA+ das telas e elimina qualquer tipo de história mais completa para esse público.
Shipping x Bromance x Queerbaiting
Dentro desse universo de relacionamentos em filmes, você já deve ter esbarrado em outros termos como shipping e bromance. O shipar é um movimento encabeçado por fãs que desejam que os personagens envolvidos na trama tenham um relacionamento mais sério.
Essa expressão é bem completa e pode ser usada em sentido de amizade, romance, parceria e ainda possui variações para as mais diversas situações. Ou seja, ela não anula nem confirma a presença de um relacionamento ou tensão emotiva entre os envolvidos e não usa essa situação como artifício para se promover.
O bromance é voltado para definir um relacionamento íntimo entre dois personagens (geralmente homens), mas que não é sexual ou romântico. Exemplos famosos do bromance é o relacionamento entre Buck e Steve em Capitão América e a relação entre os atores Jared Padalecki e Jensen Ackles.
Por isso, é importante estarmos de olho no tamanho da representação LGBTQIA+ e em como filmes e séries que vendem essa temática abordam seus personagens. O queerbaiting não pode impedir que o audiovisual apague essa temática extremamente necessária para o público e sociedade.