Crítica: Como Hackear seu Chefe
Como Hackear seu Chefe leva a comédia para a reunião de empresa.
*Disponível em: Claro Vídeo, Now, iTunes, Apple TV, Vivo Play, Google Play, YouTube Filmes, Sky Play
Ficha técnica:
Direção: Fabrício Bittar
Roteiro: Fabrício Bittar e Vinícius Perez
Nacionalidade e Lançamento: Brasil, 4 de junho de 2021 (streaming/VoD)
Sinopse: Sem querer, Victor (Victor Lamoglia) envia um e-mail comprometedor a seu chefe mala. Com a ajuda da crush do financeiro e seu amigo sem noção, ele tem poucas horas para salvar seu emprego e lidar com um hacker picareta, um site pornô e um mascote chamado Sorrisinho.
Elenco: Victor Lamoglia, Thati Lopes, Esdras Saturnino, Augusto Madeira, Paulinho Serra, Nuno Leal Maia, Fafá Rennó, Ricardo Macchi.
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O thriller “Buscando…” foi um dos primeiros que pude assistir a se passar inteiramente em reproduções de telas de computadores e celulares. Em períodos de pandemia, não é de se espantar que diversos gêneros tenham apostado nesse formato, que geralmente demanda algum nível diferente de criatividade em função da dinâmica dos personagens.
Apesar de ter sido filmado durante a pandemia (embora isso não seja explicitado no material de divulgação do filme, com poucas cenas que podem ter sido gravadas antes, ou que assumiram riscos), “Como Hackear seu Chefe” tenta ser atemporal, e não faz nenhuma referência ao isolamento social, já que oferece outra explicação para o home office dos funcionários.
Na trama, totalmente baseada em erros primários do protagonista (como é a comédia em sua essência), temos personagens que são praticamente arquétipos já conhecidos do brasileiro, mas que esbarram no clichê em diversos momentos: o melhor amigo, a colega de trabalho bonita, o chefe egocêntrico e incapaz.
Ao longo dos 85 minutos, acompanhamos um dinamismo esperto no foco das personagens na tela do computador: a câmera nos guia para o que é necessário, sejam as notificações ou as reações dos personagens. Em meio a essas escolhas, há momentos de licenças dramáticas aceitáveis, como poucas explicações sobre como uma funcionária tem acesso a câmeras de segurança, ou diversas impressoras sendo ativadas por um simples e rápido clique do mouse: são situações que combinam com a natureza humorística e despretensiosa do filme.
No entanto, são as situações (e atuações) artificiais que tiram o espectador da brincadeira que o longa propõe, e servem apenas para criar dificuldades extras ao protagonista com supostas pitadas de humor físico, sendo que a situação poderia ser substituída por outro artifício de roteiro.
Não que haja muita importância, na verdade. Toda a maneira como a história se dá cria um ambiente “adolescente” (os palavrões impedem que seja infantil), que coloca o espectador em um lugar quase blasé, típico de quem acompanha uma reunião de trabalho remoto sem participação direta e com a câmera desligada, tal qual o personagem de Nuno Leal Maia.
A presença de atores famosos dos canais de esquetes de humor aumenta ainda mais a percepção de estarmos vendo uma versão mais longa dessas produções para o Youtube. Como Hackear seu Chefe, no fim das contas, parece querer mostrar que sua função talvez é servir de distração para a cabeça entre uma reunião e outra, tal qual um trailer de filme de ação que se repete na tela sem muita explicação. Dessa forma, nada nele tem muita importância, nem mesmo a inspirada escolha unir os quadrados do empregado e do patrão, que resume em uma breve cena toda a epifania do personagem (estratégia que poderia ser mais explorada e daria mais substância à sua proposta).