Noite de Seresta / Mitos Indígenas em Travessia (24ª Mostra de Cinema de Tiradentes)
Isso não é uma crítica. Ou talvez seja, que me importa.
Dentre os poucos filmes que tive a oportunidade de assistir na 24ª Mostra de Cinema de Tiradentes, online e gratuita, dois curtas merecem ser comentados.
O primeiro, “Noite de Seresta”, de Sávio Fernandes e Muniz Filho, é desses retratos de brasileiros curiosos e representativos do nosso país. Em poucos minutos de documentário conhecemos um pouco de Katia Blander, que canta toda semana no Karaokê de um bar de Fortaleza.
Sensível, com um daqueles climas que lembram os filmes “Inferninho” e “Paraíso Perdido”. Mergulhamos na simplicidade de quem sabe fazer seus sonhos acontecerem de alguma forma. Katia se diverte como ninguém, cantando os mais diversos tipos de canções, incluindo uma música própria que tem uma letra ótima, e que ganha charme com o clipe maravilhosamente brega.
É impossível terminar de ver “Noite de Seresta” e não sentir vontade de beber uma cerveja no bar e dançar com a protagonista. Saudades aglomerações, aliás.
A animação “Mitos Indígenas em Travessia”, de Julia Vellutni e Wesley Rodrigues, precisa ir para as escolas. Para o mundo. Os produtores coletaram histórias indígenas de diferentes povos e transformaram em rápidas tramas que abordam medos, misticismo, fantasia. Geralmente não possuem uma lição ou um fio de trama específico: são sequências de acontecimentos que apenas nos mergulham na crença e no sentimento dos indígenas.
“Mitos Indígenas em Travessia” talvez nos aproxime muito mais de culturas indígenas do que tantos outros materiais educativos já produzidos. Vale ressaltar que não há falas na animação, e os cenários são (quase) todos reais, ou seja, fotos e filmagens de matas, rios e aldeias, dentro das quais os desenhos (belíssimos) se movimentam.
É preciso assistir esses filmes para nutrir nosso amor pelo Brasil como ele realmente é. E como é lindo.
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