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Pai em Dobro - Netflix
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Crítica: Pai em Dobro

Pai em Dobro é uma história com conveniências em triplo, irrelevâncias à quarta potência e uma mensagem que nada soma – mesmo com a ajuda do acaso.

Ficha técnica:
Direção:  Cris D’Amato
Roteiro:  Marcelo Andrade, Renato Fagundes, João Paulo Horta (baseado no livro de Thalita Rebouças)
Nacionalidade e Lançamento: Brasil, 15 de janeiro de 2021 (Netflix)
Sinopse:  Após passar sua vida junto de sua mãe em uma comunidade hippie, Vicenza (Maísa Silva) faz 18 anos e aproveita a maioridade para tentar realizar um de seus grandes sonhos: conhecer seu pai.

Elenco: Maisa Silva, Eduardo Moscovis, Marcelo Médici, Pedro Ottoni, Laila Zaid, Fafá de Belém.

Se tem uma coisa que “Pai em Dobro” não pode ser acusado é de enganar o espectador. Tudo em sua comunicação, incluindo as imagens coloridas de Maísa Silva com Eduardo Moscovis passam longe de evocar qualquer proposta autoral de cinema independente.

A diretora Cris D’Amato, que carrega no currículo a obra “É Fada”, comanda “Pai em Dobro” como uma longa peça publicitária: as cores são tratadas demais, os cenários são artificiais demais, e as situações se mostram tão inverossímeis que fica difícil acompanhar a história com qualquer proximidade sentimental.

 Na jornada da protagonista para conhecer seu pai, vemos como a jovem Vicenza dribla a comunidade hippie em que vive seguindo uma pista para descobrir quem é seu pai. As estratégias de “desconstrução” das figuras paternas são tão rápidas que sequer têm algum efeito na trama: como se Maísa fosse um ser iluminado, eles logo deixam de ter os defeitos que apresentam. Com isso, personagem de Eduardo Moscovis se mostra como egoísta apenas por cinco minutos, e o personagem de Marcelo Médici é um típico homem ganancioso que logo passa a “valorizar as coisas simples da vida”.

Não é só por evitar esses embates de personalidade que o roteiro de “Pai em Dobro” é preguiçoso. Todas as resoluções são rápidas e no meio da trama temos um vai-e-vem da protagonista em encontros com seus pais que não leva a lugar nenhum.

Após uma sequência de soluções simples vistas à exaustão em filmes do tipo, incluindo brigas rapidamente solucionadas e beijos interrompidos até o último momento possível, eis que “Pai em Dobro” conta com uma característica que se tornou curiosa devido aos acontecimentos.

No “núcleo” do local onde Vicenza se hospeda (e falo “núcleo” para remeter às novelas porque… bem…), há o projeto de se montar um bloco de carnaval. Considerando que o texto do filme deixa bem claro que a trama se passa no início de 2021, é no mínimo curioso (e triste) que isso ocorra justamente em um momento no qual não teremos comemoração de carnaval (e talvez isso torne o filme ainda mais fantasioso). Seria muita coincidência se o mascote do bloco lembrasse a figura do coronavírus… OPS.

  • Nota
2

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