Casa de Antiguidades tem chances de Oscar
O filme “Casa de Antiguidades” é um dos poucos longas brasileiros que vem se destacando nos festivais em 2020.
Dirigido por João Paulo Miranda Maria, o filme tentará uma vaga, como representante do Brasil, no Oscar 2021. “Casa de Antiguidades” é protagonizado por Antonio Pitanga e foi o único latino a receber o selo do Festival de Cannes desse ano, depois teve sua primeira exibição mundial no Festival de Toronto (vale destacar que o Festival de Cannes foi cancelado e não deverá ocorrer este ano, ainda que tenha mantido a seleção). No dia 25 de setembro, estreou no Festival de San Sebastian, na mostra “Novos Diretores”. Na mesma semana, a Variety, que inaugurou suas apostas para o Oscar, colocou o filme entre os cinco cotados para melhor filme internacional no Oscar 2021.
Para tornar-se elegível para essa tão disputada vaga, “Casa de Antiguidades” precisa ser exibido no Brasil ainda esse ano, e por conta disso, a distribuidora Pandora Filmes lançará o filme no dia 19 de novembro, data próxima ao feriado da consciência negra, por uma semana e com exclusividade, no Petra Belas Artes em São Paulo.
Vale destacar, também, que é a Academia Brasileira de Cinema quem decidirá o filme brasileiro a ser enviado para a Academia de Hollywood. A tarefa, que antes passava por comissões da Ancine, deixará de depender de órgãos do governo federal.
O Cinem(ação) conta com duas entrevistas com o diretor do longa. João Paulo Miranda Maria gravou um episódio do Podcast Cinem(ação) em julho de 2016 chamado “Fazendo Cinema no Brasil”. Antes disso, em 2015, o cineasta participou do episódio 4 do “Cronologia do Acaso” quando este ficava no feed do Cinem(ação), junto com Emerson Teixeira, Tiago Messias e Sandro Macena).
Confira tudo sobre o Casa de Antiguidades:
Em “Casa de Antiguidades”, Antonio Pitanga dá vida a Cristovam, um homem simples do interior, que precisa mudar de cidade em busca de melhores condições de vida e trabalho. Porém, ele se depara com uma realidade que desperta, dentro dele, algo que antes não estava escancarado, sofrendo com a solidão e o preconceito dos moradores locais.
Em seu primeiro longa, João Paulo Miranda Maria, invoca os demônios invisíveis dos oprimidos através de um olhar, cheio de nuances, sobre o racismo sistêmico no Brasil moderno. O que acontece quando após décadas de abusos destroem a humanidade de Cristovam?
“O filme é inspirado na minha historia no interior paulista, sobre como uma comunidade conservadora oprime os supostos “outros”. E toda minha sensação de ser um “peixe fora d’água” naquele lugar. Uma busca pessoal da minha própria origem, querendo mergulhar através da câmera num lugar do qual me identifico. Este mundo que me identifico é dos “caipiras”, fora de uma moda ou bom gosto, um mundo rústico e de fortes vivencias. Assim é Cristovam meu protagonista; procurando se encontrar.”, diz o diretor João Paulo Miranda Maria.
Um dos maiores atores do Brasil, Antônio Pitanga diz que o papel de Cristovam “é um grande presente”. O ator que completou 80 anos recentemente, já esteve em Cannes em 1962, quando o Brasil levou a Palma de Ouro, pela primeira e única vez, com “O Pagador de Promessas” de Anselmo Duarte, mas “Casa de Antiguidades” deu a ele a oportunidade de ter outro filme em Cannes, agora como protagonista: “Cristovam é um homem do Brasil, um autentico trabalhador brasileiro e ter sido convidado por João Paulo Miranda Maria para interpreta-lo, me deu uma alegria imensurável, no auto dos meus oitenta anos, eu não poderia estar mais feliz”.
Fotografado por Benjamín Echazarreta, (de “Uma Mulher Fantástica”, longa vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro) o filme tem montagem de Benjamin Mirguet de “Batalla En El Cielo” e a composição sonora musical é de Nicolas Becker, o mesmo de “Gravidade”. Com diálogos mínimos, a história de Cristovam, um homem negro indígena do norte rural do Brasil, foi construída de modo que o público tenha também uma experiência sensorial. “Quero que o público sinta o filme, percebendo junto à Cristovam elementos não visíveis, vindos de seu passado e espiritualidade, num processo de ritual e transe”, diz o diretor.
CASA DE ANTIGUIDADES tem ainda no elenco o belga Sam Louwyck (“Cargo”), Ana Flávia Cavalcanti (“Corpo Elétrico”), Aline Marta Maia (“Serial Kelly”) e Gilda Nomacce (“Ausência”). Foi produzido pela brasileira BeBossa e pela francesa Maneki Films, e é coproduzido pelo Canal Brasil. O roteiro, foi desenvolvido pelo próprio João Paulo Miranda Maria na Residence de Cannes – Cinéfondation, com a supervisão de Miguel Machalski (“Los Perros”, “O Verão dos Peixes Voadores”) e a colaboração de Felipe Sholl (Fala Comigo).
O filme conta com o apoio e patrocínio do FSA (Fundo Setorial do Áudiovisual), CNC (Centre Nacional du Cinema – FR), Projeto Paradiso, Cinéfondation – La Résidence, Next Step – Semaine de La Critique – Cannes, Aide Aux Cinémas Du Monde, , Institut Français, Arrive Media, European Work In Progress – Cologne, CC – Cinema en Construction Toulouse Donostia – San Sebastián, Hubert Bals Fund + Europe, SPCINE, Cidade de São Paulo – Cultura, BRDE, Ancine.