Crítica: Dias de Invierno – 48º Festival de Gramado
Dias de invierno - Jaiziel Hernández - Festival de Gramado
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Crítica: Dias de Invierno – 48º Festival de Gramado

Dias de Invierno é uma reflexão repleta de incertezas, centrada em personagens que estão próximos, porém distantes.

Ficha técnica:
Direção: Jaiziel Hernández
Roteiro: Jaiziel Hernández, Oriana Jimenez
Nacionalidade e Lançamento: México, 20 de setembro de 2020 (Festival de Gramado)
Sinopse: Nestor tem 22 anos, mora com sua mãe e trabalha como recepcionista em um hotel na cidade industrial em que vive. Ele quer ir embora, mas por ser o filho mais novo e o único a ter ficado com ela, sente dificuldades em ir embora.

Elenco: Emma Mirthala Cantú, Anahí Davila, Leticia Huijara, Miguel Narro.

Dias de invierno - Jaiziel Hernández - Festival de Gramado

O filme “Dias de Invierno”, do cineasta mexicano Jaiziel Hernández (em seu primeiro longa), conta a história de Nestor, um jovem que vive com sua mãe e sonha em fazer como seus irmãos e emigrar para os Estados Unidos. Enquanto isso, ele joga beisebol, namora e trabalha em um hotel pacato da pequena cidade onde mora.

A câmera de Hernández está quase sempre distante, permitindo-nos avaliar as belas e melancólicas paisagens mexicanas. De repente, ela se aproxima demais do rosto dos personagens, criando um contraste que nos permite sentir as emoções dos personagens.

“Dias de Invierno” é um filme sobre o desejo do jovem mexicano de buscar novas oportunidades, mas é também sobre solidão: do jovem Nestor, sem perspectivas; de sua mãe Lilia, desempregada e reprimida; da vizinha Doña Chelito, presa ao passado e vivendo o fim de sua vida; e do colega americano, obrigado a contar mentiras em seu trabalho e sem ninguém com quem dividir sua música.

As músicas presentes ao longo da trama, aliás, trazem letras igualmente melancólicas e pensativas. E assim os personagens vão seguindo: tentando tomar rumos na vida, seja entrando em uma universidade ou participando de uma olimpíada. Quase como se tateassem as oportunidades no escuro. “Dias de Invierno” é o tipo de filme que não ousa demais. Não há problema nisso, mas falta algo que o torne mais memorável.

Dias de invierno - Jaiziel Hernández - Festival de Gramado

O chamado “ponto de virada” é quando o carro fica atolado na lama. Tal qual os personagens. É preciso fazer algo, e as atitudes de Nestor e Lilia dizem muito sobre suas jornadas futuras: ela deixa para trás o que possui, enquanto ele segue em busca de ajuda para voltar, ao menos conforme a previsão de Doña Chelito.

A metáfora do problema de matemática é como uma síntese de tudo. Há que se encontrar caminho e paz, cada um em sua jornada. Saindo do quadrado ou não, é possível que o lobo escape dos cães. Basta correr.

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