Bicho de Sete Cabeças e mais filmes no Belas Artes À La Carte
No mês de setembro, chegam mais três ótimos longas brasileiros no À La Carte, streaming inaugurado há pouco menos de um ano, mas já repleto de grandes filmes da cinematografia mundial.
Os filmes serão “Bicho de Sete Cabeças”, de Laís Bodanzky, disponível a partir de 03/09; “Querô”, de Carlos Cortez, que chega na quinta seguinte, em 10/09; e “Ex-Pajé”, de Luiz Bolognesi, programado para 17/09. Todos eles farão parte do cardápio semanal, como é chamado o conjunto de quatro filmes que chega toda quinta no À La Carte.
“Bicho de Sete Cabeças“, realizado há exatos 20 anos, em 2000, é o primeiro longa-metragem de Laís Bodansky, uma estreia de grande sucesso, que arrebatou nada menos que 45 prêmios em Festivais nacionais e internacionais. Entre esses prêmios estão sete troféus conquistados no Festival de Brasília, incluindo Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Ator para Rodrigo Santoro, e dois do Festival de Cartagena (Colômbia), onde Laís Bodanski recebeu o prêmio de Melhor Primeiro Filme e Santoro o de Melhor Ator. Em 2015, o filme entrou para a lista da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.
Com roteiro escrito por Luiz Bolognesi, diretor de “Ex-Pajé”, o filme “Bicho de Sete Cabeças” é baseado no livro autobiográfico “Canto dos Malditos”, de Austregésilo Carrano Bueno, e narra a odisseia vivida por Neto, um adolescente de classe média, que vive uma vida normal até que seu pai o manda para um hospício, após encontrar cigarros de maconha no bolso de sua jaqueta. Além de Rodrigo Santoro no papel principal, o longa conta ainda com as atuações marcantes de Othon Bastos, Cássia Kis e Caco Ciocler.
“Querô“, de Carlos Cortez, lançado em 2007, também é um longa de diretor estreante. O roteiro premiado é baseado na obra do dramaturgo brasileiro Plínio Marcos, e o elenco tem grandes nomes como Maria Luísa Mendonça, Ailton Graça, Ângela Leal e Milhem Cortaz. Na história, o menor Querô é filho órfão de uma prostituta que se suicidou quando ele nasceu. Ele foi criado por Violeta, que era a cafetina da mãe dele, e, ao crescer, revoltado com os maus tratos que recebe, passa a cometer pequenos delitos. Um dia ele é pego e encaminhado à Febem, a mesma antiga prisão brasileira de crianças e adolescentes mostrada no filme “Pixote, A Lei do Mais Fraco”, de Héctor Babenco. O filme ganhou mais de 10 prêmios, quatro deles no Festival de Brasília, nas categorias de Melhor Ator para o estreante Maxwell Nascimento, intérprete do papel-título, mais Melhor Roteiro, Melhor Direção de Arte e Melhor Som.
“Ex-Pajé”, de 2018, é um documentário dirigido por Luiz Bolognesi, corroteirista dos longas “Elis”, “Como Nossos Pais” e “Bingo: O Rei das Manhãs”. Além de diretor e roteirista, Bolognesi se destaca também como ator, com participação em “Bicho de Sete Cabeças”, inclusive.
O documentário mostra os índios da comunidade Paiter Suruí, que vivem na bacia amazônica, e desde o primeiro contato com o mundo civilizado, em 1969, estão expostos a profundas mudanças sociais. Smartphones, gás, eletricidade, medicamentos, armas e redes sociais substituíram seu modo de vida tradicional. A doença é um risco para uma comunidade cada vez mais incapaz de se isolar da modernização trazida pelos brancos ou pelo poder da igreja. Com obstinada persistência, Perpera, um ex-pajé, está procurando uma maneira de restaurar a antiga vitalidade de sua aldeia. O longa fez parte da seleção oficial da Mostra Panorama do Festival de Berlim 2018, onde foi premiado com Menção Especial de Melhor Documentário.