Década de 1990: duas grandes franquias do videogame nos cinemas
Desde a década de 1990, a relação entre videogame e cinema tem os seus altos e baixos e sempre cria muita expectativa nos fãs. Talvez por esse motivo, em muitas das vezes o resultado das produções cinematográficas baseadas no cinema desaponta o grande público oriundo dos games.
A estrutura de um jogo e de um roteiro não são as mesmas e isso acaba dificultando as coisas. Ainda, alguns produtores optam por não emular 100% a história do jogo – o que acaba frustrando parte do público.
Sendo assim, destacamos dois exemplos de grandes franquias do mundo dos videogames que tiveram as suas respectivas franquias retratadas no cinema em meados da década de 1990: Street Fighter e Mortal Kombat.
Enquanto a produção de Street Fighter recebeu muitas críticas em seu lançamento, sendo considerado um grande fracasso, o filme Mortal Kombat, apesar de seus defeitos, ao menos conseguiu agradar uma parcela considerável de fãs do game.
Street Fighter (1994) é um dos maiores fracassos do cinema
Apesar de ser considerado um dos 10 melhores games da década de 1990, Street Fighter não conseguiu emplacar o mesmo sucesso quando a história foi adaptada para o cinema. A adaptação para as telonas aconteceu em 1994 e o filme foi cercado de muitas expectativas, tanto parte dos fãs quanto da imprensa especializada em geral.
Com orçamento de US$ 35 milhões e elenco composto por alguns atores prestigiados, como o porto-riquenho Raul Julia (Bison) e o belga Jean-Claude Van Damme (Coronel Guile), o resultado final do filme, como mencionado anteriormente, foi longe do esperado. Além do enredo mal conduzido, os protagonistas também não conseguiram dar o seu melhor na trama.
Raul Julia estava muito doente e Van Damme mal comparecia às gravações — em muitas delas não estava em estado sóbrio. Em entrevista, para o jornal The Guardian (Inglaterra), o diretor do filme, Steven de Souza, disse que o ator belga era uma má influência para o elenco.
“Eu não podia simplesmente sentar por horas esperando por ele. Em duas ocasiões, os produtores deixaram ele viajar (da Tailândia) até Hong Kong e nas duas vezes ele chegou atrasado. Nas segundas-feiras, ele simplesmente não aparecia”, afirmou o diretor.
Outro fator que pesou contra nas filmagens é que grande parte dos atores envolvidos na trama sequer conheciam os personagens da franquia Street Fighter. Um exemplo é o ator Roshan Seth, que viveu o personagem Dhalsim na trama. Seth não sabia quase nada sobre Dhalsim e sofreu muito para interpretar o personagem, prejudicando e muito o seu nível de atuação na produção.
Mesmo com tantos problemas, o filme Street Fighter conseguiu ser lucrativo nas bilheterias dos cinemas e arrecadou US$ 99 milhões em todo o mundo — muito por conta da força da franquia nos videogames.
Em 2009, houve uma nova tentativa de emplacar um filme sobre Street Fighter, desta vez com foco na personagem chinesa Chun-Li: Street Fighter: The Legend of Chun-Li. A personagem principal da trama foi interpretada por Kristin Kreuk, mas o filme não empolgou o público e muito menos a crítica.
Mortal Kombat (1995) tem lá os seus pontos positivos
Clássico do gênero de luta nos videogames, assim como Street Fighter, a franquia Mortal Kombat era uma febre no início dos anos 1990 e um filme era questão de tempo. Até que em 1995 foi lançada a primeira produção de Mortal Kombat nos cinemas.
Estrelado por personagens como Linden Ashby (Johnny Cage), Robin Shou (Liu Kang), Bridgette Wilson (Sonya Blade) e Christopher Lambert (Rayden), Mortal Kombat teve orçamento de US$ 18 milhões e foi dirigido pelo então desconhecido Paul W.S. Anderson, que posteriormente seria diretor da adaptação de Resident Evil. Como muitos diretores não tinham muito interesse em assumir Mortal Kombat, Anderson se propôs a dirigir a trama. Mesmo sem muita experiência, o diretor conseguiu convencer a produção que era o melhor nome para conduzir o longa.
“Parecia que eu sabia mais sobre computação gráfica do que qualquer outra pessoa em Hollywood, mesmo que eu nunca tivesse entrado em uma casa de efeitos visuais. Eu meio que blefei, mas acho que eles puderam ver o entusiasmo”, contou Anderson, em entrevista para o site Hollywood Reporter.
Na mesma entrevista, o diretor disse que o roteiro foi escrito enquanto eles estavam na pré-produção, o que se tratou de algo muito desafiador. No entanto, Anderson, achou aquilo bom no fim das contas, já que deu a ele a oportunidade de ajudar a orientar a direção.
Diferentemente do que aconteceu em Street Fighter, no qual muitos atores não tinham muita noção de luta, em Mortal Kombat a equipe não se utilizou de dublê em muitas cenas — há alguns momentos de combate na trama que são elogiados por fãs da franquia, principalmente as cenas de kung fu.
Com trilha sonora que rendeu o primeiro álbum de música eletrônica a receber um disco de platina da história, Mortal Kombat também respeitou a construção de seus personagens, principalmente em relação ao figurino.
Obviamente o filme tem as suas falhas, como nos efeitos visuais que soam bem datados em 2020 e mesmo na época não podiam ser considerados “estado da arte”. No entanto, na classe de jogos de videogame que ganharam adaptação nos cinemas, o filme Mortal Kombat é um dos que mais se destacam no site especializado Metacritic, por exemplo — nota de 58/100 dos críticos e 84/100 dos usuários da plataforma.
No fim das contas, a produção foi lucrativa e conseguiu arrecadar US$ 122,1 milhões em bilheteria nos cinemas — US$ 23 milhões a mais que Street Fighter, por exemplo.
Vale mencionar que um novo filme sobre Mortal Kombat está sendo produzido por James Wan (Aquaman). No entanto, a previsão de lançamento da nova produção está prevista somente para o final do primeiro semestre de 2021.