A comunicação em A Vastidão da Noite (2019) - Cinem(ação): filmes, podcasts, críticas e tudo sobre cinema
Artigo

A comunicação em A Vastidão da Noite (2019)

Sigo sentindo-me parte de sintonias próximas, percebendo o cinema como um pórtico de estímulos. Existe uma força incalculável no ato de provocar no outro sentidos, dentre os quais, talvez o mais ancestral, o medo do desconhecido sustentado pelo vasto céu acima de nossas cabeças.

O que há entre esse espaço ilusoriamente tão perto e uma vastidão preenchida pelas nuvens? como cronometrar eventos tão destoantes de si e siameses? A Vastidão da Noite me fez refletir sobre a comunicação.

Planos longos e um início tão trivial, tão jovem, que possui junto a si versões impulsivas da fala, sem respiração atenciosa, como quem engole suas próprias palavras tamanha intensidade. A localização geográfica rural, de novo, distante, pequena, colidindo com a grandiosidade dos movimentos de personagens tão novos e tão articulados. Uma articulação que brota dos dedos para o técnico da (já) ultrapassada tecnologia e da voz. A mente soa como um filtro para a velocidade de cada letra, dançando com as palavras e nascendo um filho chamado frases e com o intercâmbio, forma-se o diálogo.

Frases de fases da vida desencontradas entre si que, no entanto, possuem em comum a ânsia pela busca de todos os mistérios da vida. A vasta imensidão de raças superiores — leia-se pouco vistas, pouco sentidas, tocadas, tal como o homem negro de voz arrastada, confidencializando que fora usado como objeto para explorar o inexplorável.

É o contemplativo movimento de câmera que caminha junto, a tensão a partir da segunda metade de filme que brota e sufoca. A referência às séries antigas de terror que possuem em sua raiz outras tantas referências ao rádio e a telenovela. O pouco do brega aqui faz sentido, bem como o desenvolvimento conflituoso da primeira parte dada a inexperiência do diretor em fazer filmes mas, visivelmente, experiência de provocador ao estimular sensações tão legíveis para todos aqueles que possuem alguma conexão seja com o espaço (terreno e psicológico) que se situa personagens que, como eu e você, não entendem o que consideram simples; mas ousam buscar na comunicação uma forma de elo com algo que teimam discutir sua inexistência.

Deixe seu comentário